Precisamos descobrir que empresa o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), contratou para cuidar da sua imagem. A turma trabalha bem. Mais um pouco, ele pede desfiliação do PMDB, se junta ao PT e disputa o lugar de Rui Falcão. Tenha a santa paciência!
Renan não se limita mais a combater o projeto da terceirização. Não! Pra ele, é pouco. Agora também pede um “pacto pelo emprego”. Uau! Quem pode ser contra o emprego, não é mesmo? A questão é saber o que isso significa. Ele, certamente, não tem a menor ideia. Mas e daí? Eu convoco o senador a ser menos modesto. Por que não também um pacto pela felicidade, pela bem, pelo belo, pelo justo, por fitilhos que funcionem nos pacotes de biscoito, pelo sinal de telefonia, pela moderação no uso de óleo de gergelim (essa praga!) — sou alérgico!; contra o pum em elevador; para que as pessoas aprendam a usar escada rolante; contra gente que fala alto; contra os cretinos que levam aparelho de som para a praia… Há tanta coisa a cuidar nesse mundo! Um reformador como Renan Calheiros não pode se dispensar de pensar as coisas essenciais para o bem-estar do brasileiro e da humanidade. Pode começar pensando: “Não seria melhor que jabuticaba nascesse numa rama e melancias em árvores; não seriam, assim, esses frutos mais compatíveis com seu respectivo caule?” Que piada!
O homem que é dono de alguns cargões na República agora quer, a exemplo de Lula, que Dilma se lance de peito aberto contra a terceirização, como se esse fosse um assunto do governo, não da sociedade; como se a oposição à proposta não fosse basicamente do interesse do PT e, agora, dele próprio, na sua luta contra Eduardo Cunha. Renan diz, cheio de honra e moral: “O pior papel que o PMDB pode fazer é substituir o PT naquilo que tem de pior, que é o aparelhamento do Estado. O PMDB não pode transformar sua participação no governo em uma articulação de RH para distribuir cargos e boquinhas. Isso tudo faz parte de um passado do Brasil que nós temos de deixar para trás”.
Pois bem… Então por que não começa ele próprio a devolver os cargos de que dispõe? Renan sabe, por exemplo, que sugeriu o nome de Bruno Dantas, seu ex-assessor, para a vaga aberta no Supremo. Trata-se de um talentoso, me dizem, rapaz de 37 anos, mas sem trajetória que explicasse a indicação. O presidente do Senado já o havia guindado ao Tribunal de Contas da União. Parece o novo líder de esquerda é contra, digamos, o guichê alheio. Lewandowski, que é relator de um processo contra o próprio Renan, convenceu o presidente do Senado a parar de se opor a Luiz Edson Fachin e suas ideias deletérias…. Com quais argumentos?
O homem que diz não querer o PMDB disputando cargos está num embate com os petistas, no momento, para levar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele quer n o posto Fernando Mendes, atual diretor adjunto de Coordenação e Articulação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, mas os petistas preferem Jarbas Barbosa, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
Tudo indica que Renan está lutando, entre outras coisas, é para que a distribuição de cargos não tenha uma certa centralização nas mãos de Michel Temer, novo coordenador político do governo. É claro que isso concorreria para diminuir o poder de um presidente do Senado que sempre soube lidar muito bem com a distribuição de benesses.
O Renan como novo líder “progressista” é música para embalar tolos. Isso só atende aos interesses do PT lulista e, claro, a seus próprios interesses. Como de hábito.
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