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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Minha coluna na Folha: “Saia logo daí, Dilma!”

 

Leia trechos:
Eles perderam completamente a solenidade e parecem mesmo decididos a nos empurrar para a barbárie. Quando a presidente Dilma Rousseff autoriza seu ministro da Saúde a deixar o posto, ainda que por um dia, para participar da disputa pela liderança do PMDB na Câmara, não é a ordem prática das coisas que está sendo agredida. O que padece é a ordem moral.

Que diferença faz Marcelo Castro um dia a mais ou a menos combatendo os mosquitos? A aritmética nos responde: nenhuma! Aliás, ele está na categoria nada rara das pessoas que rendem o dobro se não fizerem nada. Castro pode dar corpo àquela máxima metafísica de Dilma: se a sua meta de trabalho for zero, a eficiência será dobrada. Mas não é de pragmatismo que trato aqui.

Boa parte da vida civilizada não tem importância prática nenhuma. É só decoro. Algumas das melhores conquistas da cultura não são ditadas pela necessidade, e sim pelo apuro estético, por valores subjetivos, pelo refinamento. No frigir dos ovos, somos todos primitivos e tendentes a voltar ao estado da natureza. São as escolhas ditadas pela moral e pelo gosto que nos livram da barbárie, não as determinadas pelas imposições da sobrevivência.

Mesmo os idiotas são mais suportáveis quando conhecem as regras da etiqueta. Costumam, por exemplo, falar menos, e, como diria Machado, o silêncio quase sempre é a melhor forma de afetar circunspecção.
(…)
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