No sábado, tocado por certo sarcasmo, afirmei no meu blog que o diabo estava no comando na política e na economia brasileiras. Repeti a galhofa ácida ontem, neste Jornal da Manhã, quando vieram a público as pesquisas Datafolha indicando o crescimento da rejeição ao governo Temer e a liderança nas pesquisas eleitorais de Lula no primeiro turno e Marina no segundo. Agora, mais números.
Vejam vocês! Segundo levantamento do instituto, 60% dos entrevistados são contra a PEC que estabelece o teto de gastos, que é condição primeira para qualquer ordenamento da economia. Pior: os supostamente mais bem-informados são os mais avessos ao limite: 68% entre os com ensino universitário e 51% entre os que têm apenas o fundamental. Levada em consideração a faixa etária, os mais jovens são mais refratários ao texto: repudiam-no 65% dos que têm entre 16 e 24 anos. Jovens e universitários, como se sabe, são as categorias mais expostas ao berreiro insano das esquerdas.
Mas é bom notar que a rejeição à proposta é grande em todos os cortes: dizem ser contra a medida 60% dos que recebem até dois salários mínimos e 62% dos que ganham entre dois e cinco. O argumento é o conhecido: as áreas sociais seriam afetadas pelos cortes.
Caberia a pergunta: será que as pessoas sabem exatamente o que é a PEC do Teto e a sua importância para tentar pôr o país nos trilhos? Ousaria dizer que não. E daí? “Ah, o governo se comunica mal…” Pode até ser verdade. Mas o fato é que se enfrentam dois fatores quase opostos, mas que se combinam: 1) há, sim, uma cultura do Estado provedor; a simples menção de que haverá menos dinheiro provoca rejeição; 2) os serviços que temos são uma lástima em razão da má gestão. Aí as pessoas fazem a ilação óbvia: se já é assim hoje, imaginem como ficará.
Isso dá conta das dificuldades que o governo Temer vai enfrentar quando ganhar capilaridade o debate da reforma da Previdência. A barafunda está apenas no começo.
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