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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

As ações da Petrobras derretem. Além da corrupção, empresa é um emblema da improbidade administrativa

 

Em matéria de Petrobras, parece que nem o fundo do poço é o limite, não é mesmo? Nesta segunda, os papéis da empresa levaram um novo tombo: as ações preferencias caíram estupefacientes 7%, sendo negociadas a R$ 4,80. Corrigido o valor pela inflação, é o menor patamar desde 1999. Em termos nominais, volta a novembro de 2003. Em 18 dias de janeiro, as ações derreteram espantosos 27%.

O preço do petróleo é o grande vilão do momento, sem dúvida. O barril foi negociado nesta segunda a US$ 28 em Londres. Ocorre que isso acontece naquele que deve ser o pior momento da história da companhia. E quem levou a estatal para o abismo não foi o mercado internacional de petróleo, mas o mercadão nacional da política doméstica. Quem está destruindo a maior estatal brasileira sãos os governos petistas.

O petróleo a esse preço — e há quem tema que a desaceleração da China possa levar o barril para perto de US$ 20 — torna antieconômica até a extração em águas rasas. Imaginem, então, o desastre que representa para o pré-sal.

Não há uma só boa notícia para a Petrobras. A pressão cambial coloca a companhia, altamente endividada em dólar, numa situação muito difícil. O plano de desinvestimento da empresa afugenta os investidores. Se o Brasil, mergulhado em seu segundo ano de recessão, é um retrato da era petista, a Petrobras se transformou na cloaca do partido. Ali todos os vícios do petismo se estreitaram num abraço insano: incompetência, nacionalismo xucro, corrupção, aparelhamento, compadrio, megalomania, politicagem…

Se Dilma é, sim, em grande parte culpada pelo desalento em que está o país — e é, em razão de suas escolhas erradas —, no que diz respeito à empresa, a responsabilidade é inteiramente sua. Desde 2003, ela se pôs como a czarina do setor energético, primeiro como ministra das Minas e Energia; depois, como chefe do PAC; na sequência, como presidente da República.

Não deixa de ser emblemático que tanto a Petrobras como o setor elétrico atravessem um momento periclitante. Essas foram as duas áreas às quais Dilma dedicou especial atenção. O resultado está aí, aos olhos de todos.

O PT é uma piada macabra. A Petrobras foi um cavalo de batalha do partido em pelo menos três disputas eleitorais: 2002, 2006 e 2010. E a legenda conseguiu levar todo mundo no bico — inventando, inclusive, que os adversários queriam privatizar a estatal. Infelizmente, não era verdade. Em 2014, quando a companheirada ensaiava, mais uma vez, inventar que a empresa estaria sob a ameaça se a oposição vencesse, veio à luz a Lava Jato. E todos vimos para que servia a Petrobras.

Durante a definição do marco legal do pré-sal, Lula veio com a bobagem de que aquele era o bilhete premiado do Brasil. Eis aí: a Petrobras era, sim, um bilhete premiado. Para a quadrilha.

Além das questões criminais, a Petrobras é um caso escancarado de improbidade administrativa. E, como a gente vê, até agora, ninguém responde por isso.



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