O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) é a relação mais malsucedida e desproporcional que conheço entre inteligência e saliência. Às vezes, eu me espanto: “Como ele conseguiu chegar à vida adulta?”. Ao menos na biologia.
Querem ver?
Por que os lava-jatistas são contrários à lei que pune abuso de autoridade? Porque, segundo eles, o texto prejudicaria a operação.
Qualquer pessoa moralmente alfabetizada que leia o projeto vai constatar que não.
Pois bem: um senador que fosse um pouco mais bem proporcionado de massa cinzenta teria em mãos o texto e faria rigorosamente o que farei eu quando entrevistar Sergio Moro: “O senhor pode, por favor, dizer qual trecho na lei atrapalharia o seu trabalho?”.
Ora, sabendo isso, far-se-ia o quê? Ou se mudaria o texto, se houvesse o risco apontado pelo magistrado, ou então se constataria que ele gosta de um abuso, o que não ficaria bem.
Mas é preciso conectar o Tico com o Teco para isso acontecer.
Assim, o que fez o preclaro petista? Naquele tom elevado de sempre, acusou o juiz de cometer abuso de autoridade na condução coercitiva de Lula, por exemplo…
Ora, por dentro, Moro deve ter rido de orelha a orelha e pensado: “Mas que Zé-Mané!”. O juiz então mandou ver:
“Parece-me claro que a intenção que subjaz – não digo em relação a todos – é de que o projeto de lei de abuso de autoridade seja utilizado especificamente para criminalizar condutas de autoridades envolvidas na Operação Lava Jato. Para mim, ficou evidente, com o discurso do eminente senador, que o propósito é exatamente esse, ao afirmar aqui categoricamente que eu teria cometido atos de abuso de autoridade na condução dessa operação”.
Vale dizer: Lindbergh dá a Moro a chance de afirmar que um texto de 2009 tem o objetivo de criminalizar condutas de autoridades da Lava Jato, que é de 2014.
É claro que, ao chegar a essa conclusão, Moro se utiliza de uma trapaça argumentativa. Mas, afinal, quem lhe deu chance tão notável? Ora, Lindbergh Farias.
É evidente que não chegamos por nada a tal estado de coisas… De um lado, os petralhas; de outro, os fanáticos.
É um bom caminho para mandar o país às favas…
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