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O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou à Procuradoria-Geral da República que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou a empreiteira WTorre Engenharia para a construção de um edifício no centro do Rio, que desde 2013 foi alugado pela estatal. O Centro Empresarial Senado Petrobras abriga 10.000 funcionários da área administrativa. A obra — de 115 mil metros quadrados de área construída e 95 mil metros de área bruta para aluguel — foi orçada em 1,2 bilhão de reais.
As declarações estão em um resumo entregue por Cerveró à Procuradoria, antes de o ex-diretor fechar acordo de delação premiada. Na delação, Cerveró citou o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, preso na Lava Jato desde fevereiro de 2015, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
“Sabe que a indicação de Walter Torre foi feita pelo presidente Lula, porque Renato Duque comentou na reunião da Diretoria onde foi apresentado o projeto”, relatou o delator, em referência ao dono da WTorre. O ex-diretor destacou que o plano original da empreiteira era construir um prédio colossal, o maior prédio do mundo, com 400 metros de altura e 150 andares, maior que o Pão de Açúcar.
“Destaque-se a sugestão do Walter Torre feita ao presidente Lula de construir o maior prédio do mundo da altura de 400 metros (150 andares) maior que o Pão de Açúcar, que não foi adiante pelo absurdo da obra e pelo impacto que causaria na cidade”, afirmou.
A Petrobras é locatária do edifício até 2029. O contrato prevê aluguéis de cerca de 100 milhões de reais ao ano por esse período.
Segundo o ex-diretor, o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, se opôs a sugestões de uma comissão criada para apresentar alternativas à construção. Cerveró afirmou que, em 2006, com o crescimento do número de funcionários na Petrobrás, a diretoria decidiu construir um novo prédio de grandes proporções para acomodar esse pessoal.
Foi então nomeada, afirmou o delator, uma comissão da diretoria de Serviços que deveria sugerir a melhor alternativa, de preferência próxima à sede atual, no centro do Rio. “Por três vezes esta comissão apresentou alternativas de aluguel de prédios próximos à Petrobras e que foram recusadas por decisão de Gabrielli, que levantou uma série de questões para obstar a escolha. Até que foi finalmente aprovada a proposta da WTorre já construída e em operação na rua do Senado, no Rio de Janeiro”, declarou Cerveró.
Em setembro de 2015, Walter Torre negou irregularidades em contratos com a Petrobras à CPI da Petrobras. Segundo o dono da empreiteira, a WTorre mantém dois contratos de aluguel de edifícios com a estatal.
Procurado, o Instituto Lula disse que não vai comentar as informações.
Já o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli disse que “todas as decisões sobre os prédios foram tomadas com base em pareceres técnicos sobre as condições de mercado, custos operacionais e financeiros, coletivamente, pela Diretoria Executiva da Petrobras. Quanto ao prédio de 400 metros, o projeto nem sequer foi objeto de decisão pelo Colegiado, sendo rejeitado preliminarmente”.
A WTorre afirma que já era proprietária de terreno de grandes dimensões nas imediações da sede da Petrobras e com projeto de construção aprovado. “A localização, as características do edifício e o valor do contrato de aluguel, compatíveis com os praticados pelo mercado imobiliário. O contrato entre a WTorre e a Petrobras é público e está à disposição”, diz a empreiteira.
Confira a seguir a nota completa da empresa:
Sobre a locação do Centro Empresarial Senado à Petrobras, a WTorre esclarece que já era proprietária de terreno de grandes dimensões nas imediações da sede da Petrobras e com projeto de construção aprovado.
Iniciou a obra de um edifício Triple A, com área locável de 105 mil metros quadrados. O projeto foi apresentado à Petrobras que, naquela ocasião demandava edifícios de grandes proporções para acomodar seu contingente. Naquela ocasião, além do Centro Empresarial Senado, a Petrobras locou outros edifícios de dimensões similares.
A localização, as características do edifício e o valor do contrato de aluguel, compatíveis com os praticados pelo mercado imobiliario. O contrato entre a WTorre e a Petrobras é público e está à disposição.
O edifício em questão é um dos mais reconhecidos no Brasil e no exterior. Dentre as seis premiações recebidas pelo empreendimento, destaca-se o Prix D´Excellence 2013, concedido pela Federation Internationale des Administrateurs de Bien-Conselis Immobiliers, entidade francesa de mais de 60 anos de tradição.
Por fim, gostaríamos de lembrar que a WTorre, não faz obra pública e que seu fundador ou qualquer outro executivo da companhia não recorreu a nenhuma intermediação política para firmar este ou qualquer outro contrato.
A companhia continua à disposição para esclarecer esta ou outras questões que possam por em risco sua reputação e a correção com que trata seus negócios e seus clientes.
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