Olavo de Carvalho e o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) enviaram comentários ao texto que publiquei sobre a patrulha que o Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua estão sofrendo. A cada um deles darei uma resposta segundo a capacidade que cada um deles tem de entender o que escrevo: a de Olavo é plena; a de Bolsonaro, idiopática. Não os puliquei na área destinada a tal fim justamente porque os queria aqui, com mais visibilidade.
Quem está esperando uma série ou algo assim, bem…, pode tirar o cavalo da chuva. Não vai ter. E espero que os motivos se esclareçam. Começo por Bolsonaro. Ele reclama do fato de eu ainda não ter publicado o comentário de Olavo nestes termos:
“Procurei o comentário de Olavo de Carvalho e não encontrei. Fiquei sabendo que princípios elementares de Ciência Política foram ignorados nestes posts, muito bom conversar com o mestre. Olavo tem razão.”
Comento
Quem se atém apenas à retórica e ao desempenho circenses do deputado Bolsonaro fica com a falsa impressão de que ele participou de alguma guerra — ou mesmo que combateu o terrorismo de esquerda. Não! Ele nunca deve ter matado uma galinha. Ou venceu, no máximo, uma galinha.
Em matéria de combate à ação revolucionária, não caçou nem frango. Lançou-se na vida pública com uma retórica meramente sindicaleira e foi descobrindo depois o nicho da suposta “direita”.
A cada eleição, foi extremando sua retórica brucutu e obscurantista, transformando o conservadorismo numa caricatura. Outro dia alguém me perguntou se ele poderia ser o nosso Donald Trump. Bem, eu diria que nem na capacidade de produzir asneiras… Em certo sentido, no entanto, talvez o despropósito da comparação adquira alguma verossimilhança: assim como o bilionário ridículo pode ajudar a eleger Hillary Clinton, Bolsonaro é um dos cabos eleitorais que a esquerda tem no Brasil. Adiante.
Noto, e não é sem certa melancolia que o faço, que Bolsonaro e Olavo andaram conversando a respeito. Acho que o segundo se interessa pelo primeiro porque entende o alcance de suas postulações; acho que o primeiro se interessa pelo segundo porque não entende. Mas eu não patrulho relações alheias. As pessoas escolhem seu caminho.
Nunca achei graça nos dotes histriônicos de Bolsonaro. A quantidade de asneiras que diz é tal que meu humor não alcança. Mas, desta feita, ri um pouco. Este senhor já andou defendendo a tortura e torturadores aqui e ali — nota à margem: eu fui contra a revisão da Lei da Anistia, o que é coisa muito distinta.
Numa luta suja, como a gente vê, Bolsonaro nem precisaria ser torturado. Ele sai entregando os seus interlocutores. O que a dor revelava, no caso dos seviciados, Bolsonaro entrega por burrice.
Dizem que as hostes esquerdistas estão em festa. Elas são craques em gozar com os instrumentos alheios. Não é de hoje! “Ah, olhem a direita se dividindo…”
Em primeiro lugar, não reconheço a Bolsonaro o estatuto de “direitista”. Mas isso é lá com ele e com os que o seguem. Em segundo lugar, não pode se dividir o que junto nunca esteve. O arquivo do meu blog está aí e diz há muito tempo o que penso sobre este senhor — já defendi, inclusive, o direito que ele tem de dizer besteiras. E ele o exerce com uma dedicação encantadora.
Finalmente, observo: os fanáticos do bolsonarismo estão prometendo nunca mais visitar o meu blog. Ah, espero que o façam!!! É um favor! Se houvesse um jeito de instalar um mata-burro tão logo a minha página fosse acessada, eu o faria. Infelizmente, não há.
A Internet é ampla. Que o bolsonarismo procure os blogs que atendam às suas expectativas e continuem na sua luta meritória para fazer de Jean Wyllys um intelectual de esquerda… Eles todos se merecem.
Santo Deus!
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