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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O MBL, o Vem Pra Rua, este blogueiro e a boçalidade da extrema burrice, disfarçada de extrema direita

O Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua, mais aquele do que este, passaram a ser alvos de ataques os mais brutais de certas correntes de pensamento — se é que merecem essa designação — depois que decidiram deixar claro que as forças políticas no país se dividem em duas vertentes: há as golpistas — que, por sua vez, se distinguem em mudancistas (anti-PT) e continuístas (petistas) — e as antigolpistas, nas quais se incluem os dois citados movimentos.

A partir de certo ponto da trajetória da luta em favor do impeachment, fez-se necessário distinguir os que querem o golpe de esquerda (petistas e assemelhados) ou de direita (os fetichistas da botina e uniforme) dos liberais, que pedem apenas o triunfo das instituições e reconhecem que o impeachment tem previsão constitucional (Artigos 85 e 86) e regulamentação legal — Lei 1.079. Ou por outra: negar-se a reconhecer os crimes óbvios cometidos por Dilma golpeia a Carta e a Lei; pedir que os militares afastem Dilma, em vez de apelar aos dispositivos próprios para tanto, golpeia a Lei Maior e a Menor.

O Artigo 142 da Constituição, com efeito, no seu caput, reserva às Forças Armadas o papel de garantidoras auxiliares da lei e da ordem, desde que acionadas por um dos Três Poderes, mas o pressuposto do texto, basta que se saiba ler, é que tal ação se dê sob o império da hierarquia e da disciplina. Não por acaso, tal artigo deixa claro que a autoridade suprema das três forças é o presidente da República.

Assim, cumpria ao Movimento Brasil Livre e ao Vem Pra Rua — e é tarefa de todo e qualquer grupo comprometido com a democracia — distinguir-se da retórica golpista, que, de resto, carrega, além de uma tese ridícula, o ridículo do discurso bolorento, marginal, apequenado, irrelevante e caricato.

Seus defensores lembram leões banguelas de circo mambembe. Os primeiros a lhes dar de ombros são os militares. Uns poucos da reserva que resolvem lhe emprestar o pijama mal se mantêm no terreno da sanidade. Já conferi quatro palestras no Clube Militar. Não encontrei golpistas por lá. Se existem, não vieram falar comigo. Já falei três vezes no Comando Militar do Sudeste. Se existem golpistas por lá, também não vieram falar comigo. Os que defendem a intervenção militar representam a quem, além da própria loucura?

Estava de férias. Não estou mais. Alertam-me de que os mesmos que hoje atacam as lideranças desses dois movimentos aproveitam para descer o braço também neste colunista. Eu estaria sendo tratado como “conselheiro” do MBL e do Vem Pra Rua, afirmação — nem acusação é — que se situa um pouco abaixo da linha do ridículo.

Não sou conselheiro de ninguém. Mantenho, e eles sabem disto, divergências com os dois movimentos, que, por sua vez, também não se confundem — ainda bem! Aliás, essa concepção de “política” como ação de “conselheiros” remete a uma herança mafiosa, que deve ser repudiada.

Em junho deste 2016, meu blog completa 10 anos. A palavra “petralha” foi criada bem antes. Estou na luta contra o mal que o PT representa ao Brasil e aos brasileiros há muito tempo. E sabem o que o MBL e o Vem Pra Rua me devem? Nada! A não ser o respeito que se dispensa a interlocutores, com os quais se pode concordar, dos quais se pode divergir.

Não sou candidato a Virgílio de ninguém. Kim Kataguiri, Renan Santos, Alexandre Santos, Fernando Holiday ou Rogério Chequer, para citar alguns, não são os meus “Dantes” na comédia nada divina da política brasileira. Se eles quiserem conversar comigo, converso; se eles quiserem debater comigo, debato; se eles quiserem brigar comigo, brigo. E ponto!

Uma das coisas que admiro nos rapazes e nas moças desses dois movimentos é sua autonomia — que não deve se confundir com ignorância histórica. E ignorantes eles não são. Têm, aliás, uma grande virtude: nenhum deles foi de esquerda ou flertou com a esquerda — cicatriz que eu mesmo tenho e reconheço. Toda marca de batalha um dia coça um pouco. Esses jovens não têm de ficar pagando tributo aos mortos que oprimem, em vez de libertar, o cérebro dos vivos, para citar um pensador da predileção dos vermelhos.

Não sou Virgílio de ninguém. Nem Pigmalião. Não quero brincar de conferir vida a estátuas. Esses moços e moças respondem pelas três maiores manifestações da história política do país. Mais eles forneceram um caminho à oposição do que foram mobilizados por ela, como todo mundo sabe.

Os boçais
Contam-me, no entanto, que, enquanto em lagartixava na areia, fui duramente atacado nas hostes bolsonarianas porque eu seria um dos responsáveis pelo suposto desvio de rota desses dois movimentos. Os que acusam tal desvio gostariam de ver essa moçada de braço dado com “sordado”, como o bêbado na música “Marvada Pinga”.

Já defendi, e continuo a defender, o direito que Jair Bolsanoro e seus Bolsonarinhos têm de dizer suas tolices.

Bolsonaro, o pai, elegeu-se vereador pela primeira vez em 1988. De lá pra cá, vem se especializando em proclamar boçalidades as mais variadas, para gáudio e felicidade de outros boçais de direita e de esquerda. Já emplacou dois filhos na política. E tem um terceiro, bastardo, que é Jean Wyllys (PSOL-RJ), com quem firmou um pacto de ajuda mútua.

O psolento joga asneiras no ventilador, que inflamam a fala purulenta de Bolsonaro (que, assim, ganha mais votos); e a pardaloca marqueteira sai por aí, esvoaçante, a se dizer perseguida pela “direita”. Vamos convir: o bolsonarismo nem de direita é; trata-se apenas se uma soma de asneiras com sotaque nacionalista, temperada por doses cavalares de preconceito pré-cognitivo.

Agenda
O Brasil precisa de uma agenda, não de ódio, recalque, boçalidade e rancor oportunistas — e, em alguns casos, bem remunerado. O MBL e o Vem Pra Rua, até onde acompanho, estão empenhados em construir algo mais na política do que o simples “Fica Dilma” ou “Sai Dilma”.

Se os rapazes e moças desses dois movimentos quiserem saber o que penso, podem ler o meu blog; se quiserem que eu lhes aponte o caminho da salvação, pedirei que consultem um padre, um rabino, um monge budista… Não sou candidato a aiatolá de ninguém. E quem disser que sabe esse caminho estará, naturalmente, mentindo. Eu posso, no máximo, lhes dizer os valores com os quais opero: liberdades públicas, liberdades individuais, economia de mercado, democracia como valor universal, Estado apenas regulador…

E, como é sabido, não tenho tara por uniforme, botina e afins — essas coisas que são, sim, necessárias, quando a democracia uniformizada tem de defender a sociedade, com a devida delegação, de eventuais ameaças.

De resto, cumpre indagar: quantas pessoas a histeria bolsonarista levou às ruas até hoje? Qual é sua inserção social? Conversa com quem? No dia em que o PT não estiver mais no poder, qual será a agenda de Bolsonaro e seus amestrados? Enfrentar os gays no braço, para que Wyllys, em busca de mais votos, se ofereça para salvá-los?

Essa gente é ridícula! O PT está em decadência, sim. Na sua essência, já morreu. Mas é uma estupidez imaginar que o aparelho vá abandonar o estado da noite para o dia. Noto que há bolsões de extrema direita que já olham com inveja para o MBL e para o Vem Pra Rua, imaginando que ficarão com o espólio da derrota dos bárbaros.

Bem, os bárbaros ainda não foram vencidos. E tal estupidez só prova que esses caras nada mais são do que, vamos dizer assim, os “petistas do lado de lá”. Também odeiam a democracia.

E os inimigos da democracia devem ser declarados inimigos da civilização. É assim: simples e óbvio. Não me peçam que eu dê o braço a Rui Falcão. Eu jamais farei isso. Não me peçam que eu dê o braço a Bolsonaro. Eu jamais farei isso. Nada mais são do que males distintos e combinados, para citar o camarada… Trotsky.

Uma cicatriz para quem ainda é capaz de entender uma ironia.



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