É evidente que Jaques Wagner, ministro da Casa Civil, já perdeu a condição de exercer a função. Deu um voo de pavão e virou um pato manco. Vamos convir: está acabado! Em Brasília, ninguém mais dá 10 centavos para a sua famosa “capacidade de articulação”.
Não tem jeito! Os fatos se impõem. Vamos ver.
– Manuel Ribeiro Filho foi um dos chefões da OAS até maio de 2013;
– em janeiro de 2014, o então governador da Bahia, Jaques Wagner, o leva para ser seu secretário de Desenvolvimento Urbano;
– em março, Ribeiro Filho conclui a licitação da chamada Linha Vermelha, em Salvador, orçada em R$ 584 milhões;
– acertou quem intuiu que a OAS venceu a disputa. Participaram do certamente as construtoras Cowan, Camargo Corrêa, Odebrecht e o consórcio formado por Queiroz Galvão, Constran, Axxo e TTC.
As relações de Wagner com a OAS estão sob investigação da Lava Jato. Ligações telefônicas de Leo Pinheiro, então presidente da empreiteira, com subordinados seus e com o próprio Wagner sugerem que a empresa se envolveu com caixa dois de campanha dos petistas na Bahia e que o então governador defendia os interesses da empresa junto ao Ministério dos Transportes e a fundos de pensão. Um dos executivos que lidavam com essas questões políticas delicadas era justamente Manuel Ribeiro Filho.
É evidente que o conjunto da obra expõe o grau de deterioração política a que o PT conduziu o país. Vamos lá. Posso até dar de barato que a OAS tenha realmente feito a melhor proposta; posso ainda conjecturar, para efeitos de pensamento, que Riberto Filho não tenha movido uma palha em favor do ex-patrão… A pergunta que sobra é outra: faz sentido um governador de Estado levar o chefão de uma das principais empreiteiras do Estado para ser justamente seu homem de obras?
É essa a noção que tem o PT de transparência e de defesa do interesse público? Trocas de mensagens entre diretores da OAS em 2012, durante a disputa pela Prefeitura de Salvador, evidenciam que a empreiteira está enterrada até o talo na disputa eleitoral, quase não se distinguindo dela. E o maestro da orquestra de impropriedades e, tudo indica, de ilegalidades é justamente Jaques Wagner.
Ora, é evidente que o ministro perdeu qualquer condição de conduzir, vamos dizer assim, a resistência do governo Dilma. Notem: no que concerne ao escândalo da Lava Jato, a suspeita de bandalheira está hoje mais perto dele do que dela — por enquanto, a presidente pode ser impichada é pelas lambanças fiscais. Wagner sabe que seu caso começa a costear o barranco do crime.
A proximidade do atual ministro com a OAS é tal que quase não se sabe onde termina um e começa o outro. Em 2010, a empreiteira doou R$ 1,5 milhão à sua campanha; em 2014, R$ 4,2 milhões à de seu sucessor, o também petista Rui Costa.
A empreiteira funciona ainda para Wagner como um celeiro de talentos. Bruno Dauster, outro ex-dirigente da empresa, foi feito diretor da Casa Civil. E cuidou da modelagem da licitação do Metrô. Com a eleição de Costa, foi promovido a chefe da Casa Civil.
Com todas essas habilidades, dá para entender por que Lula queria Wagner no cargo em que está agora. Os dois falam rigorosamente a mesma língua.
Mas, a exemplo do que ocorre com Lula, também o passado de Wagner começa a bater à porta.
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