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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Dilma, a Dona Doida: a redação do Enem e um suposto país de molestadores e estupradores

O Brasil está sendo tragado pela demagogia e pela incompetência.

Depois de bater um papinho com Aloizio Mercadante, ministro da Educação, a presidente Dilma Rousseff resolveu apelar ao Twitter para tecer comentários sobre a prova de redação do Enem, cujo tema foi “a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Importante? Sem dúvida! E fala aqui, além do indivíduo, o pai de duas filhas, o marido e o filho.

Depois de tecer alguns autoelogios, a governanta mandou ver: “Muitas redações preocuparam os avaliadores c/ depoimentos de pessoas que foram assediadas, estupradas ou testemunharam violência”.

Pois é… Muitas? Precisamente, houve 55 casos. Vamos fazer algumas contas. Inscreveram-se para fazer a prova 7,7 milhões de pessoas. Não achei o número de mulheres, que costumam ser maioria. Se forem 52%, estamos falando de 4 milhões de estudantes.

Matemática: se 10% tivessem relatado abusos, o que seria bárbaro, haveria 400 mil. Se 1% o tivesse feito, 40 mil. Se 0,1%, 4 mil. Se 0,01%, 400. Foram 55 — ou 0,0014%! Vamos pôr uma ordem de grandeza: 0,0014% do peso de uma pessoa de 80 quilos corresponde a 1,12 grama!!!

“Ah, estamos falando de pessoas!” Claro que sim! E é evidente que, sendo verdadeiros tais relatos, essas moças podem precisar de ajuda. O Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos tem como encontrá-las se quiser — embora essas coisas precisem ser feitas com muito cuidado.

Mas cabe a pergunta: estamos falando de “muitas redações”? O número é de tal sorte pequeno que, infelizmente, a realidade deve ser bem pior do que isso. Inaceitável é que a presidente se pronuncie nesses termos, como se estivéssemos a falar de um país de molestadores e estupradores. Isso não é feminismo, não! É mistificação.

O que disse, no entanto, a gestora Dilma Rousseff sobre os 53 mil candidatos que tiraram nota zero na redação? E olhem que alguma coisa aconteceu de 2014 para 2015. No exame anterior, houve 529.374 zeros. Não é preciso ser muito bidu para perceber que houve alguma mudança de critério na correção.

Dilma e todos nós temos o dever moral de nos compadecer com as 55 pessoas que fizeram relatos pessoais, de lamentar os eventuais abusos ocorridos e, cada um segundo a sua possibilidade, amparar os que sofrem. Mas a presidente e seu ministro se perdem na demagogia quando tratam a extrema exceção como se fosse uma regra e sintoma de uma patologia social.

Os 53 mil zeros neste ano — 0,7% do total de inscritos — dão conta da situação miserável da educação brasileira, a pedir a intervenção de uma política pública. E, nesse caso, Dilma, como se percebe, não tem o que dizer.

É mais fácil ficar exercitando feminismo retórico do que qualificar a educação, não é mesmo? Uma coisa se faz apenas com saliva; a outra requer competência.



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