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domingo, 25 de outubro de 2015

Movimento Brasil Livre expulsa de acampamento defensores de intervenção militar

Os coordenadores do Movimento Brasil Livre, que promovem, junto com o Vem Pra Rua, um acampamento no gramado da Câmara em defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff, expulsaram do local um grupo de defensores da intervenção militar. No momento, cerca de 50 pessoas estão no local. Eles deixaram claro a um grupo de oito, como chamarei?, “intervencionistas” que eles não eram bem-vindos ali.

Entrevistei há pouyco Renan Santos, um dos coordenadores do MBL. Ele explica o motivo: “O PT e as esquerdas querem rasgar a Constituição e a Lei 1.079 para Dilma ficar no poder. E esses caras querem rasgar a Constituição apelando aos tanques. O MBL defende a Constituição e as leis. Nós acreditamos na democracia.”

Pergunto a Santos se essa divisão não prejudica o movimento em favor do impeachment de Dilma. Ele dá uma resposta absolutamente lúcida: “Só poderia haver divisão se estivéssemos do mesmo lado. Os que querem golpe, insisto, não estão do nosso lado.”

Santos está convicto de que Dilma vai sofrer um processo de impeachment. Mas e se ela não cair? Ele responde: “A nossa luta não é ‘para derrubar a Dilma’, como se isso fosse o ponto de chegada. Nós queremos o impeachment porque se trata de fazer cumprir a lei. E porque a presidente impede o Brasil de sair da crise. Mas as ambições do MBL são de mais longo prazo.”

Na entrevista, ele diz que ambições são essas.
*

Vocês expulsaram do acampamento os defensores da intervenção militar. Por quê?
A resposta já está na pergunta. Nós defendemos o impeachment de Dilma porque defendemos o cumprimento dos Artigos 85 e 86 da Constituição e o conteúdo da Lei 1.079.  Intervenção militar é coisa de golpistas. Aliás, os golpistas do PT vibram a cada vez que estes outros golpistas se manifestam.

Eles dizem que a Constituição prevê a intervenção militar se necessário.
É uma leitura porca e golpista do Artigo 142 da Constituição, que diz que as Forças Armadas destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem. Só que esse mesmo artigo afirma que a autoridade suprema das Forças Armadas é o presidente e que elas se organizam com base na hierarquia e na disciplina. Nós não queremos militares governando. Tem mais uma coisa: segundo esse artigo da Constituição, qualquer Poder tem competência para pedir a ajuda dos militares na defesa da Constituição. Logo, o Legislativo e o Judiciário também podem.

Mas é correto dizer que, de qualquer modo, vocês e os intervencionistas estão do mesmo lado?
Não! Isso está absolutamente errado! Não estamos do mesmo lado. Vamos fazer assim: no atual confronto político, há os que estão do lado da democracia e há os que estão do lado do autoritarismo. Os golpistas do PT e esses que pedem intervenção militar estão do lado das soluções extralegais e extraconstitucionais. O PT e as esquerdas querem rasgar a Constituição e a Lei 1.079 para Dilma ficar no poder. E esses caras querem rasgar a Constituição apelando aos tanques. O MBL defende a Constituição e as leis. Nós acreditamos na democracia.

Mas o PT não se diverte com essa divisão entre vocês?
Só poderia haver divisão se estivéssemos do mesmo lado. Os que querem golpe, insisto, não estão do nosso lado. E tem mais: até os militares tratam esses grupos minoritários com desprezo. Ninguém realmente relevante nas Forças Armadas defende intervenção militar.

Eles dizem que seria uma intervenção por tempo limitado…
Igual a de 1964? Deveria ser por tempo limitado e demorou 21 anos. Somos democratas e civilistas. Fim de papo! Ninguém é obrigado a estar ao nosso lado nessa luta. E nós podemos escolher, também, com quem lutamos. Os nossos parceiros são os que defendem a Constituição e as leis. Quem quiser dar golpe militar que vá se entender com os petistas: golpistas com golpistas. Quem quiser democracia, triunfo das instituições e do Estado de Direito que venha para o nosso acampamento.

E se Dilma não cair?
Eu aposto que o Congresso vai fazer triunfar a Constituição e as leis. Mas que fique claro: a nossa luta não é “para derrubar a Dilma”, como se isso fosse o ponto de chegada. Nós queremos o impeachment porque se trata de fazer cumprir a lei. E porque a presidente impede o Brasil de sair da crise. Mas as ambições do MBL são de mais longo prazo. Nós viemos para ficar. Nós queremos debater valores. Nós queremos debater a concepção do Estado brasileiro. Nós queremos debater o tamanho desse Estado, qual é a sua função.

Vocês pensam em ser partido um dia?
Não sei. Nunca discutimos isso a fundo e não posso dar uma resposta sem consultar o movimento. Uma coisa é certa: nós já vamos participar da eleição de 2016. Nós apoiaremos os candidatos que se identificarem com nossos valores.

Quais valores?
Defesa intransigente das liberdades individuais e públicas; defesa dos valores democráticos; defesa da livre iniciativa; saída do Estado das atividades produtivas; estado regulador, não estado intervencionista.

Isso se coloca numa eleição municipal?
De forma menos clara no que nas disputas federais e estaduais, mas a resposta é “sim”.

E se a pessoa se elege com o apoio de vocês e depois não leva adiante essa pauta?
A gente retira o apoio e denuncia o embuste. É simples. Temos compromisso com nossas ideias e com nossas convicções. E só.

Em quais partidos podem estar esses candidatos?
Em qualquer um. Suponho que legendas de esquerda não abriguem pessoas com esses valores, né? Logo, descarto o apoio a candidatos de legendas de esquerda por uma questão lógica.

O PT hoje não é exatamente de esquerda…
Ah, apoiar petista? Nem que o sujeito jurasse de pés juntos que vai adotar a nossa pauta. Nós queremos é pôr fim à cleptocracia que tomou conta do país, juntando o antigo patrimonialismo coronelista com o neopatrimonialismo sindicaleiro. Pode até haver um ou outro caras decentes do PT. Que leve, então, a sua decência a sério e saia do partido.

Dilma vai cair?
Vai.



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