Que o comunismo em geral e o marxismo em particular podem ser considerados seitas religiosas, vários pensadores notaram. O principal deles talvez seja Raymond Aron, que chamou o marxismo de “ópio dos intelectuais”, em alusão ao “ópio do povo” que o próprio Marx usava para se referir às religiões tradicionais. Mas houve vários outros, como Schumpeter, por exemplo, que associaram o comunismo a uma seita fanática que tentava substituir as religiões tradicionais com ares científicos (pseudo-científicos, na verdade).
Pois bem: agora temos a prova definitiva, cabal, irrefutável dessa postura de seita no comunismo. É verdade que o Mausoléu de Lenin já era tal prova, ou a reverência com que os seguidores tratam o “profeta” Marx. Mas esqueçam tudo isso. O grau de idolatria religiosa chegou ao ápice com essa notícia, divulgada na coluna de Ancelmo Góis:
Não é incrível? É por essas e outras que um típico comunista está totalmente blindado contra os fatos, os argumentos lógicos, a experiência histórica. Ele é um crente fanático, que crê no comunismo porque absurdo, independentemente de qualquer refutação teórica ou empírica. Ele precisa acreditar no comunismo, pois essa é sua única boia de salvação. Sem ela, ele não é ninguém, não passa de um desamparado que mal consegue se olhar no espelho. É sua fé irracional no comunismo que alenta seu fraco coração, fazendo-o se enxergar como uma nobre alma preocupada com os pobres e oprimidos.
Querem um exemplo? Leiam a coluna de Verissimo hoje no GLOBO (não acharam que eu deixaria o filho do Erico em paz só por estar longe, acharam?). Verissimo condena a “ganância”, para ele diretamente associada ao capitalismo. Ou seja, o crente Verissimo não entendeu ainda que a ganância é do ser humano, inclusive dele próprio, que é bastante rico, e não fruto do capitalismo. Ele precisa monopolizar as virtudes no discurso para conseguir se olhar no espelho e ainda acusar os outros de hipocrisia!
Mas vejam que ironia: logo abaixo de sua coluna há um artigo da mulher de Leopoldo López, Lilian Tintori. Ela faz um apelo desesperado pela ajuda dos brasileiros, em especial da presidente Dilma, pois seu marido foi preso injustamente por fazer oposição ao governo Maduro. É um preso político numa tirania, numa ditadura disfarçada de democracia popular. Diz ela:
Maduro desmantelou sistematicamente nossas liberdades fundamentais, a liberdade de expressão, de associação, de imprensa e de opinião, e a mais fundamental: o direito à vida, porque a cada 20 minutos morre um venezuelano por causa da violência. Meu marido crê que o povo venezuelano merece um futuro melhor, de paz, prosperidade e bem-estar.
O principal argumento do governo é que a conclamação de Leopoldo tinha mensagens “subliminares” para provocar violência. Este argumento caiu quando a principal testemunha de acusação, uma especialista filiada ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e com doutorado em Linguística admitiu que “as mensagens de López não são subliminares; são claras, diretas e específicas. Pedem a não violência. Nunca houve um chamamento à violência por parte de López”. Sem esta evidência não há caso.
A Venezuela foi apenas mais uma tentativa de emplacar o socialismo, e deu no que deu: miséria, escravidão, violência. Os “intelectuais” como Verissimo eram muito simpáticos a mais essa tentativa, e agora ficam calados, mudando de assunto, como se não tivessem nada a ver com mais esse retumbante fracasso. O lance é atacar a ganância capitalista, e ignorar o resultado do “altruísmo” socialista.
Maduro e Lula, segundo Verissimo, não são nada gananciosos. São seres abnegados que só pensam nos mais pobres, pois defendem o socialismo. Pergunto: o quão cego deve ser o sujeito para repetir tais ladainhas? Pergunto, ainda: será que Verissimo vai usar parte de sua imensa fortuna capitalista para comprar um dos frascos com um pedaço do Araguaia?
PS: Enquanto Verissimo ataca a ganância capitalista e vive como um ganancioso capitalista, vejam como vivem esses legítimos capitalistas bilionários. Sergey Brin, cofundador do Google, doou só em 2013 mais de US$ 200 milhões, recusa-se a deixar comida no prato e faz compras da rede varejista de baixo preço Costco. Será que Verissimo é mais frugal e espartano, sem falar da filantropia?
Rodrigo Constantino
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