Descobri por que os petistas começaram a cuspir nos seus adversários. Já não conseguem pensar. A patacoada contra a possibilidade de o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) ser o reator da Comissão do Impeachment no Senado, que será instalada hoje, evidencia isso.
A situação é dramática para o governo, e não será o relator a ter peso definidor. Dos 21 membros da comissão, 15 são favoráveis ao impeachment, 5 são contrários, e há um indeciso — justamente o que vai presidi-la: Raimundo Lira (PMDB-PB).
A argumentação dos petistas é patética. E, quando é assim, nada como ouvir a senadora Gleisi Hoffmann (PR). Vamos ver qual é a sua objeção a Anastasia: “O relator pertence ao principal partido de oposição à presidente [Dilma] no Congresso. Deve-se buscar a posição de partidos que não têm posição quanto à presidente da República”.
É uma bobagem. Que político, no Congresso, não tem uma posição, ora bolas? Dá para intuir que Anastasia dará um voto contra Dilma? Sim, como daria para intuir que um relator do PT faria o contrário. Câmara e Senado, mesmo quando se comportam com “cortes”, são Casas essencialmente políticas.
Se o governo não tem como barrar um relator do PSDB, e não tem — será Anastasia —, isso só expressa a situação dramática que vive no Congresso. Atenção! O placar de 15 a 5 contra Dilma não é causa do problema; já é uma consequência. Até porque o relator poderia ser um dilmista fanático, e, na atual conjuntura, a derrota na comissão seria certa.
Lira pretende votar o relatório na comissão no dia 6. A expectativa é que, no dia 11, seja o plenário a se manifestar em favor da continuidade do processo. E Dilma, então, terá de se afastar da Presidência. Para que o caso prossiga, basta a maioria simples dos senadores presentes à sessão. O governo já não tem mais nenhuma esperança de que possa reverter o resultado.
Agora os petistas já falam em procurar ganhar votos na fase do julgamento propriamente, quando serão necessários 54 votos no Senado para Dilma ter seu mandato cassado por impeachment.
É só uma operação mental sem substância. Tão logo Dilma se afaste, Temer assume a Presidência e promove uma reforma ministerial completa. Será um novo governo. Alguma chance de Dilma retornar?
Isso só se daria, acho eu, se o país mergulhasse na desordem, o que é improvável — ainda que os petistas não escondam a disposição de sabotar o novo governo. Ocorre que isso também tem um custo para os sabotadores.
A esta altura, Dilma sabe que tem mais uns 15, 16 dias de poder. E depois acabou pra ela.
Que saiba morrer o que viver não soube. Ao menos isso.
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