Uma reportagem da revista VEJA, no ano passado, informou que o PT havia pedido ajuda a Alberto Youssef para repatriar R$ 20 milhões para a campanha eleitoral de Dilma Rousseff à reeleição. Vale dizer: dinheiro ilícito e sujo teria sido remetido ao exterior e precisava voltar ao país, em reais. Essa era uma das especialidades do doleiro. Nesta sexta, informa reportagem de Andréia Sadi e Gabriel Mascarenhas, na Folha, informa que Youssef fez a mesma afirmação em depoimento à Justiça Eleitoral, que apura o uso de recursos irregulares na campanha do PT. A afirmação tem uma gravidade óbvia e outra que a muitos pode escapar.
Segundo Youssef contou ao tribunal, ele foi procurado no começo do ano passado para realizar a operação, mas não teve tempo porque foi preso em março. Ele diz não saber se outra pessoa cumpriu a, vamos dizer, missão.
O depoimento, informa a Folha, foi prestado no dia 9 de junho, em Curitiba, onde ele está preso. O doleiro contou que foi procurado por um homem chamado Felipe, que lhe indagou se ele tinha como repatriar a soma. Ele afirmou que sim.
Disse ele: “Olha, uma pessoa de nome Felipe me procurou para trazer um dinheiro de fora e depois não me procurou mais. Aí aconteceu a questão da prisão, e eu nunca mais o vi”. Youssef afirmou que Felipe lhe fora apresentado por um amigo chamado Charles e que o pai do rapaz tinha uma empreiteira, cujo nome ele disse não lembrar.
Também Paulo Roberto depôs à Justiça Eleitoral. Confirmou ter ido ao casamento da filha de Dilma, em 2008, três anos antes de esta se tornar presidente porque foi convidado. Disse, obviamente, que ninguém ocupa o cargo de diretor da Petrobras se não tiver a confiança do chefe do Executivo e que contratos eram feitos “sem projeto completo”, o que facilita desvios. Indagado se Dilma tomou alguma providência para mudar essa realidade, respondeu: “Que eu saiba, nenhuma”.
Gravidade não-óbvia
Vocês não estranharam nada até aqui? Eu estranhei.
Por que essa afirmação de Youssef não consta, que se saiba, da Operação Lava Jato? Não vale responder que é porque se trataria de um crime eleitoral, já que o suposto dinheiro no exterior poderia ter origem, obviamente, na roubalheira da Petrobras, não é mesmo?
Sim, eu fico impressionado que uma afirmação de tal gravidade, prestada por alguém que fez acordo de delação premiada, não tenha despertado a atenção da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal. Se despertou, ninguém sabe. Ora, convenham que, a depender dos desdobramentos, aí pode estar o elemento mais explosivo de toda essa investigação. Tratar-se-ia de um partido com recursos no exterior, o que é proibido, e certamente ilícitos.
Notem que não estou dizendo um “só pode ser verdade”. Eu estou indagando em que outra instância isso está sendo investigado. Que eu saiba, em nenhuma! E a questão só volta à baila, embora já noticiada pela VEJA no ano passado, porque o PSDB recorreu à Justiça Eleitoral, que só age quando provocada.
Eu estou enganado, ou a força-tarefa da Lava Jato deve severas explicações?
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