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quarta-feira, 22 de julho de 2015

UMA CONVERSA COM O LEITOR – ESTE BLOG, A LAVA-JATO E A CANALHA. PRA CIMA DE MIM, NÃO! MEU PENSAMENTO TEM HISTÓRIA

O destino me contemplou, na origem, com poucas e boas coisas: uma memória, felizmente, entre as melhores que conheço, e uma disposição quase infinita para o trabalho. Quando vai chegando a hora em que tenho de dormir — porque é preciso, afinal —, fico meio irritado. Burrice e mau-caratismo me cansam. Trabalho não.

O site governista “247” inventou, o que é do balacobaco!, que as iniciais “RA”, entre muitas colhidas nas anotações de celular de Marcelo Odebrecht, quereriam dizer tanto “Rogério Araújo”, um dos diretores da empresa, como, ora vejam!!!, “Reinaldo Azevedo”. Seria a única sigla que designaria duas pessoas!!!

O “247” vive batendo na Lava Jato e em Sérgio Moro, segundo consta. Eu já fiz críticas à operação e ao juiz. E continuarei a fazê-las, inclusive neste texto. Mas suspeito que por motivos distintos. Ao afirmar aquele absurdo, o que pretende esse site governista, amplamente financiado por estatais? Atacar Marcelo Odebrecht, é certo!, e os autores devem saber por quê, e me atacar. Sabe como é… O “247” precisa lançar palavras de ordem para as cascudas, né? Afinal, são todos íntimos da, sei lá como chamar, enorme “família barata”. Adiante.

Diz o site que passei a “acentuar” as minhas críticas à Lava Jato “após a prisão de Marcelo Odebrecht”. É mesmo? Vai ver a Odebrecht está molhando a minha mão. Vai ver estou levando alguma grana por baixo do pano. Daqui a pouco podem descobrir que uma daquelas offshores é minha. Trabalho 18 horas por dia só para disfarçar. No ambiente da sujeira em que vivem alguns blogs e sites, parece impossível supor que alguém possa escrever alguma coisa por convicção.

Consultem o arquivo
Sim, as ilações da Polícia Federal a partir das anotações de Marcelo Odebrecht são alopradas. E o juiz Sérgio Moro dá mostras de condescender com elas. Já chego lá. Antes, quero me divertir um pouco. Não para provar que o “247” está errado. Essa gente não quer estar nem errada nem certa. Faz aquele que julga ser o seu “trabalho”.

Alguns trouxas dizem por aí que nunca enrosquei com a Lava Jato antes de a operação chegar a Marcelo Odebrecht. Mais: eu jamais teria manifestado contrariedade quando apenas petistas estavam na mira.

Eu sei o que escrevo.
Eu sei o que penso.
Eu sei quais são os meus valores.

Marcelo Odebrecht foi preso no dia 19 de junho. No dia 10 de fevereiro, quatro meses antes, escrevi aqui um post intitulado “STF rejeita pedido de prisão de Renato Duque. E está certo. Mas e os outros presos? Fala, Zavascki! E Vaccari? Fala, Sérgio Moro!”.

E lá se pode ler com todas as letras:
“O segredo de aborrecer é dizer tudo. Querem saber? Não havia mesmo sentido em prender Duque apenas com base na presunção de que ele pode fugir. A ser assim, vamos transformar a prisão preventiva em antecipação da pena. Afinal, tentar fugir é mais do que um direito, né? É um impulso! Não faz sentido, isto sim, é que os demais réus estejam presos ainda.”

Duque preventiva

Em fevereiro, eu já estava me opondo ao abuso evidente que existe nas prisões preventivas. De novo: não estou discutindo culpa ou inocência. A questão é usar a preventiva como pena antecipada.

Como? Só passei a criticar Moro depois que ele mandou prender Marcelo, em 19 de junho??? É mesmo? Ah, não! No dia 24 de fevereiro eu o critiquei aqui duramente por uma resposta dada a advogados de um dos presos, que reclamaram das condições da cadeia. O juiz sugeriu então, com verve irônica, que poderia mandá-lo para um presídio estadual, em condições sabidamente piores. Título do post: “Sérgio Moro, as condições da cadeia e a resposta atravessada”.

Lá de pode ler:
“De resto, convenham: uma prisão preventiva que já vai entrando no quarto mês não é, assim, tão de passagem. Ademais, parece haver certa indisposição meio ranheta com a reclamação. E, lamento, entre culpados e inocentes, santos e bandidos, bons e maus, reclamar é parte do jogo.
Prefiro que o estado de direito siga caminhos mais contidos. Este blog não tem nem heróis nem bandidos de estimação.”

Crítica a Sérgio Moro II

Voltei a Moro no dia 30 de março, bem antes de Marcelo Odebrecht ser preso, quando isso nem parecia possível. Eu critiquei duramente o juiz por ter escrito um texto em que aponta que há excesso de recursos no Brasil. Até aí, concordo. Mas ele defendia também que os condenados em primeira instância aguardassem o julgamento dos recursos na cadeia. Título do post: “Um péssimo artigo do juiz Sérgio Moro. Ou: O mal do Brasil não está no cumprimento da lei, mas no descumprimento”.  Segue trecho do post:
“Sei que vou tomar algumas porradas, mas me resta dizer o quê? É do jogo! Quem está em busca só de aplauso não deve ter esta profissão. Ou, tendo-a, dirá o que querem ouvir os mais exaltados. Sempre preferi, e não me arrependo disto, dizer o que penso, pouco me importando o aplauso ou a vaia.
Já critiquei aqui, como sabem todos, a decisão de manter agora réus da Lava Jato em prisão preventiva. Qualquer leitura, ainda que elementar, do Artigo 312 do Código de Processo Penal indicará que já não vigoram — exceção feita a Renato Duque, reincidente — os requisitos para isso. A coisa tem cara de pena antecipada.”

Crítica a Sérgio Moro

“Ah, mas, com petista, você não quer nem saber; nem olha a lei”. Pois é… Infelizmente para os súditos da família barata, também isso é mentira. No dia 23 de abril, publiquei aqui um post com este título: “Fazer o quê? Estender prisão temporária da cunhada de Vaccari era um atropelo à lei”.

Quem acessar o post lerá:
“Aqui, no entanto, se diz tudo, mesmo com o risco de aborrecer até os que gostam do blog. O juiz Moro, os advogados todos e qualquer operador do direito sabem muito bem que mentir em juízo não é motivo para decretar a prisão temporária de ninguém. Pra começo de conversa, nem Marice nem ninguém são obrigados a se acusar. NOTEM: SE ELA MENTIU EM JUÍZO, COMETEU, SIM, UM DELITO. Mas cabe a pergunta: isso é justificativa para decretar prisão temporária? Resposta: não! “Ah, mas ela é cunhada do Vaccari… Merece ficar presa!” Ok. A gente pode achar isso. Mas é preciso ver se a lei também acha. Resposta para a dúvida: não acha.”

cadeia cunhada de Vaccari

cadeia cunhada de vaccari texto

E Marice Corrêa de Lima é uma fina flor do petismo.

Retomo
Textos como esses, os há em penca no blog. Selecionei alguns.  Na defesa das garantias legais, seja qual for a operação da PF e do MP e contra quem quer que seja, eu não olho a cor da camisa partidária nem confundo meus particulares desejos de justiça com as leis do país.

Eu não acredito que, numa democracia, haja saída fora do Estado de Direito. E vou repudiar, sim, sempre que algum ente se arvorar em defensor da moralidade acima das garantias individuais.

O relatório da PF sobre as anotações nos celulares de Marcelo Odebrecht, lamento dizer, é aloprado. Chega a sugerir que o empresário possa estar por trás de escutas ilegais executadas pela PF — tudo porque, num dado momento, lá se lê “dissidentes PF” — e busca arrastar até a OAB como cúmplice dos crimes que elenca. Num dos momentos de requinte, defende a continuidade da prisão preventiva do empresário porque este, vejam que absurdo!, disse que mantinha a confiança nos seus executivos…

Pior: os dados foram divulgados com tarjas pretas, perfeitamente retiráveis, de modo a espalhar por todo canto a suspeição. Se todas as siglas que lá estão — incluindo a única que designaria dois nomes: “RA” — indicarem pessoas com as quais Marcelo pretenderia conspirar, então é melhor fechar a República. Sei que esse é o sonho de muita gente. Não é o meu.

Ah, nas anotações, ele fala até em “anular a operação”. E daí? Se o fizesse, buscaria caminhos legais para isso, não? Ou dispõe de tanques para lançar à rua?

Não tentem me intimidar
Não tentem me intimidar. Não funcionou antes, não vai funcionar agora. Que todos paguem por aquilo que fizeram, sem exceção, seja pedreiro ou empreiteiro. E que paguem dentro da lei.

Quando tentaram transformar Daniel Dantas no inimigo público nº 1 do Brasil, na Operação Satiagraha, e em heróis nacionais o delegado Protógenes Queiroz (depois deputado federal pelo PCdoB) e o juiz Fausto De Sanctis, não caí na conversa. Aliás, o atual comandante do “247” também era um dos alvos então… Eu posso bater no peito e dizer: DANTAS NÃO ME PAGOU UM CENTAVO. NEM O CONHEÇO. ESPERO QUE TODOS OS JORNALISTAS QUE PROTÓGENES BOTOU NA MIRA POSSAM DIZER O MESMO. Aliás, torço para que todos os que viraram alvos do delegado tivessem a isenção que eu tinha também em relação àquela caso. Será?

Tenho princípios. Continuarei a zelar por eles. Este blog tem uma trajetória. Tem história. De resto, é preciso dizer qual é a hipótese: a Odebrecht manipula, ao mesmo tempo, Lula e Reinaldo Azevedo, é isso? Vai ver eu mesmo sou um agente do lulismo e ainda não me dei conta disso. Ou sou tão bom  que nem vocês perceberam. Vai ver aquele ataque Lula desferiu contra mim no Congresso do PT era só para disfarçar nosso companheirismo.

Não contem comigo para transgredir a lei em nome do bem. Não vai acontecer. Se eu for útil aos leitores assim, ótimo! Se eu não for, todo mundo está a um clique de me apagar de suas vidas.

Já tentaram antes. Não conseguiram. Tentam agora. Não conseguem. Tentarão depois. Não conseguirão. Não devo satisfações a ninguém. Só à minha própria consciência.

E não! Nunca gostei de autoridade que apela à torcida — do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Pessoas até podem não ser sóbrias. O Estado tem de ser.

“Sabe o que é Reinaldo, é que há quem diga que, se você é contra o PT, tem de ser a favor da Lava-Jato, aplaudir o Sérgio Moro e o Rodrigo Janot”. 

Sabe o que é, pessoal? Quando eu penso, não tenho a intenção nem de agradar nem de desagradar ao PT. Não é o PT quem decide quem devo aplaudir ou criticar. Se eu permitisse que isso acontecesse, eu seria refém do partido. E eu não sou. De resto, quem disse que eu sou contra a Lava-Jato. Eu sou a favor. Eu sou favorável a que ela se faça dentro da lei. Se pudermos seguir assim, leitores, seguiremos. Se não puder ser assim, seguirei.

É errado isso?



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