O petróleo é DELES!!!
O Brasil cansa. Esse tem sido meu mantra, pois fico impressionado com a insistência em nosso país de velhos e carcomidos temas. Por exemplo: o ufanismo boboca, o nacionalismo oportunista que trata empresas estrangeiras como inimigas do nosso progresso e clama por uma gestão estatal em “setores estratégicos”. Afinal, “o petróleo é nosso”. E tem gente que ainda cai nessa ladainha safada!
O nacionalismo tacanho, vale notar, não tem preconceito ideológico: atinge tanto a esquerda como a direita. Tem gente que odeia o PT, o bolivarianismo, o Foro de São Paulo, e mesmo assim repete que é função do estado cuidar da Petrobras, explorar o “nosso” petróleo. É um espanto! Como essa gente pode alimentar um fetiche idiota por tanto tempo?
A exploração do pré-sal foi o tema do editorial do GLOBO de hoje, que teve como “contraponto” um bizarro artigo escrito por Sibá Machado. Sei que ninguém sério leva a sério Sibá Machado, o homem que atribuiu a uma conspiração da CIA as manifestações populares contra o governo Dilma. Ele é uma piada pronta. Mas é o líder do PT no Congresso!
Machado chama de “ações entreguistas” que ameaçam os “interesses nacionais” abrir o setor de petróleo para a exploração de empresas estrangeiras sem a necessidade de controle da Petrobras. Essas empresas, ó céus!, tentam pôr suas “garras” em “nossos” recursos, e isso não podemos admitir. De que museu saiu essa peça?
O petista, claro, atribui a esse obscuro interesse da oposição os “ataques” feitos à estatal. Esqueça o petrolão, a Operação Lava-Jato, as “consultorias” de Dirceu, os gerentes que devolvem $ 100 milhões da Suíça, as empreiteiras bilionárias que irrigam os cofres do PT: tudo isso é “ataque” de quem deseja “entregar” os “nossos” recursos para os “exploradores” gringos. Uma piada de mau gosto! Como a narrativa canalha do petista:
Critica-se a Petrobras por recentes práticas de corrupção de alguns funcionários. Mas os que cometeram malfeitos serão punidos, e os recursos desviados, devolvidos. Uma nova governança da estatal está em pleno curso. Duvidar que a estatal seja capaz de explorar o pré-sal no regime exclusivo é um erro grave da oposição.
Malfeitos de alguns funcionários? E quem ainda cai nessa baboseira? O PT montou uma quadrilha dentro da estatal para desviar seus recursos, que nunca foram nossos para começo de conversa. O deputado petista é um fanfarrão, isso sim. Um cara de pau que tenta usar a cartada nacionalista para proteger bandidos que dilapidaram a maior empresa brasileira.
“O pré-sal, sob o regime de partilha, é o passaporte para o Brasil resolver suas históricas mazelas sociais. É uma oportunidade única que temos de impulsionar nosso desenvolvimento econômico e social”, escreve Sibá Machado. Tamanha bobagem sequer mereceria resposta, não fosse o fato de que muitos brasileiros ainda acreditam nela. Confundem recursos naturais com riqueza, e setor estratégico com gestão estatal, ignorando que quem cria riqueza é a iniciativa privada.
Nos Estados Unidos, dezenas de empresas privadas exploram em busca do lucro esse setor estratégico, ainda mais estratégico para os americanos. Na Venezuela, no Irã, na Rússia, na Nigéria e na Arábia Saudita existe o monopólio estatal “protegendo” essa “riqueza” toda. Qual modelo o leitor prefere?
“A estatal é uma empresa símbolo da nacionalidade e de nossa capacidade de realização”, conclui o esquerdista nacionalista, que repete o slogan usado durante o regime militar: “o petróleo é nosso”. Eis onde a “direita” se encontra com a esquerda. Não é curioso que o PT ataque tanto os militares, e depois procure adotar o mesmo nacionalismo tacanho na gestão econômica?
Mesmo o editorial do GLOBO, que defende a maior abertura do setor, não chega a tocar no cerne da questão, que é o controle estatal da Petrobras, algo totalmente desnecessário e perigoso. Diz o jornal:
Se o governo decidisse hoje leiloar um novo campo no pré-sal, isso seria trágico para a Petrobras, que está com sua capacidade limitada por um endividamento excessivo. Para cumprir o que determina a legislação, teria de se desfazer de outros projetos que agora concentram suas preferências.
Assim, em favor da Petrobras e do próprio país, é preciso corrigir novamente essa distorção. A companhia não pode ser obrigada a participar de um consórcio que não seja de sua escolha e nem ser a operadora se essa não for a melhor opção para seus negócios.
Pelas regras que existiam antes de o governo do PT mudar o modelo , o Brasil já tinha controle absoluto sobre a política de exploração e produção do petróleo. E isso é o que importa, considerando-se as especificidades desse segmento.
O que importa não é nada disso, e sim ter o máximo possível de competição entre empresas privadas explorando nosso petróleo. É isso que permitiria um avanço maior na criação de riquezas, já que recurso natural sob o solo não é sinônimo de riqueza efetiva. Vide a revolução energética vivida pelos Estados Unidos recentemente, graças ao progresso tecnológico desenvolvido pelas empresas em busca do lucro.
Mas no Brasil, falar em privatizar a Petrobras é algo indecente. O sujeito atrai olhares bem menos furiosos se defender a pedofilia em praça pública! Como pode perdurar tanto essa mentalidade nacionalista ultrapassada? Ancelmo Gois, em sua coluna de hoje, mostra como esquerdistas realmente se cruzam com militares nacionalistas nesse assunto:
Páginas mais bonitas de nossa história? Sério? Roberto Campos deve estar se revirando no túmulo! O PT esculhambou com a Petrobras porque ela é estatal. É tão difícil assim ligar lé com cré, fazer o elo entre causa e efeito? Se a Petrobras não fosse uma estatal, não estaria à disposição da quadrilha para seu uso particular. Por que é tão difícil assim concluir algo tão lógico? É somente o ranço ideológico que explica essa postura. Com todo o respeito.
Até quando vamos ter que debater coisas tão ultrapassadas? Até quando vamos ter que mostrar, escândalo após escândalo, que não é uma boa receita delegar ao estado o papel de empresário? Até quando vamos tratar empresas multinacionais como inimigas exploradoras, e não como fomentadoras do progresso ao trazerem investimentos produtivos para o país? É tudo muito cansativo. O petróleo é nosso? O Brasil cansa…
Rodrigo Constantino
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