Páginas

Feed Testando Templete

segunda-feira, 6 de julho de 2015

O dinheiro é a fonte do mal?

O romantismo, aliado à ignorância econômica, pode ser um perigo. Não são poucos os “intelectuais” que culpam o dinheiro pelas mazelas da humanidade. Para eles, se não houvesse o dinheiro, não haveria a ganância, e como consequência não haveria crimes. O mundo seria um paraíso comunitário, onde cada um seria altruísta e abnegado, labutando sempre para ajudar os demais sem nada em troca. Esses “poetas” olham para o mundo real com desdém, e adotam a alienação como fuga da realidade. Culpam, então, o dinheiro e o capitalismo pelos males do mundo.

Por que o marginal rouba e mata? Ora, porque existe dinheiro! O “consumismo” estimulado pela “sociedade do consumo”, tudo para gerar mais dinheiro, estaria na raiz do problema. O galalau arranca as tripas da vítima “inocente” (nem tanto, pois quem mandou desfilar com uma “bike” tão cara em país tão desigual?), pois não resistiu à tentação do dinheiro, do status, tudo “imposto” pela mídia, pela propaganda capitalista. Se ao menos o socialismo pudesse nos dar uma chance…

No filme “Círculo de Fogo” há uma cena final (spoiler) que retrata bem a estupidez dessa utopia: o jornalista traiu o “amigo” sniper, levando-o à morte, pois amavam a mesma mulher, mas ela preferia o outro. A inveja, a ganância, a cobiça: tudo isso vem da natureza humana, não da existência do dinheiro. Mesmo numa sociedade plenamente igualitária, se ela fosse possível (não é), diversas formas de intrigas e agressões ocorreriam, pois o material não é o único fator de desavenças. Mas vai explicar isso para alguém que prefere fazer poesia no Facebook em vez de lidar com os fatos!

Dois artigos publicados hoje no GLOBO mostram como essa mentalidade infantil ainda persiste. Ligia Bahia, a professora da UFRJ (cujo reitor veste o boné do MST) que tem a ingrata “missão” de sempre defender o fracassado SUS em suas colunas, atacou uma vez mais a “insensatez lucrativa”, como se a culpa pela situação caótica de nosso sistema público de saúde fosse… da iniciativa privada! E Paulo Delgado, o sociólogo que ajudou a fundar o PT, descascou o dinheiro, esse objeto inanimado, como se ele fosse o responsável por nossos problemas de corrupção e tudo mais:

O agitado personagem que descrevo não é o parlamento, nem qualquer um dos poderes do Estado. É o dinheiro, que adquiriu uma sexualidade tão excitada que misturou pecado e crime, separou família, matou sem prender, vestiu ao avesso o pano e a casaca, manipula a política como a um fantoche. 

[...]

Quando o dinheiro não tiver mais a estonteante e tumultuosa importância que tem para desalentados reformadores sociais, poderá surgir uma camaradagem instantânea entre ele e as necessidades básicas, objetivas, como alimentação, e também com as subjetivas, como a admiração. 

Quando esses esquerdistas vão parar de culpar abstrações coletivas ou objetos inanimados por atos de indivíduos de carne e osso? O “dinheiro”, o “capitalismo”, a “sociedade”, o “sistema”, a “arma”, são sempre esses os responsáveis por atitudes de pessoas? Nunca é a própria pessoa que escolhe agir de forma condenável? Por que o dinheiro, para uns, é apenas um legítimo meio para coisas nobres e fruto do trabalho honesto, enquanto para outros é o “bezerro de ouro” que serve como justificativa para todos os desvios? Por que a mesma arma que é usada por um para legítima defesa é usada por outro para roubar e matar inocentes?

Então os “poetas” e os “intelectuais” acham que a culpa é do dinheiro? A eles eu ofereço, com toda a humildade, as sábias palavras de um personagem da mais famosa obra literária de Ayn Rand:

Então o senhor acha que o dinheiro é a origem de todo o mal? O senhor já se perguntou qual é a origem do dinheiro? O dinheiro é um instrumento de troca, que só pode existir quando há bens produzidos e homens capazes de produzi-los. O dinheiro é a forma material do princípio de que os homens que querem negociar uns com os outros precisam trocar um valor por outro. O dinheiro não é o instrumento dos pidões, que pedem produtos por meio de lágrimas, nem dos saqueadores, que os levam à força. O dinheiro só se torna possível através dos homens que produzem. É isto que o senhor considera mau? Quem aceita dinheiro como pagamento por seu esforço só o faz por saber que ele será trocado pelo produto de esforço de outrem. Não são os pidões nem os saqueadores que dão ao dinheiro o seu valor. Nem um oceano de lágrimas nem todas as armas do mundo podem transformar aqueles pedaços de papel no seu bolso no pão de que você precisa para sobreviver. Aqueles pedaços de papel, que deveriam ser ouro, são penhores de honra; por meio deles você se apropria da energia dos homens que produzem. A sua carteira afirma a esperança de que em algum lugar no mundo a seu redor existem homens que não traem aquele princípio moral que é a origem da produção? Olhe para um gerador de eletricidade e ouse dizer que ele foi criado pelo esforço muscular de criaturas irracionais. Tente plantar um grão de trigo sem os conhecimentos que lhe foram legados pelos homens que foram os primeiros a plantar trigo. Tente obter alimentos usando apenas movimentos físicos, e descobrirá que a mente do homem é a origem de todos os produtos e de toda a riqueza que já houve na terra.

Vão mesmo continuar culpando o dinheiro pelos males produzidos por homens?

Rodrigo Constantino



from Rodrigo Constantino - VEJA.com http://ift.tt/1M7FvIg
via IFTTT

Nenhum comentário:

Postar um comentário