A cantora Madonna, que nunca foi exatamente um primor de discrição, publicou em seu Instagram uma foto que gerou bastante polêmica e a reação enfurecida de militantes negros. A foto é com seus dois filhos negros adotivos fazendo massagem em seus pés, com a mensagem “#motherlove: how I’m gonna get through the day. Mercy and David give the best foot rubs!!!”. Ou seja, a cantora marcou o hashtag “amor maternal”, e disse que só conseguiria atravessar seu dia graças aos dois filhos habilidosos na massagem. Não importa: para os militantes do movimento negro, só dá para enxergar racismo nessa cena familiar:
Para quem tem apenas um martelo, tudo se parece com prego. Os militantes raciais viram algo que remete à escravidão na cena, enquanto outros enxergam apenas carinho familiar. Se um dos filhos fazendo a massagem fosse branco, haveria problema? Será que o racismo não está mais nos olhos que só conseguem ver racismo no mundo, tudo dividido em cores e “raças”? Fica a questão para nossa reflexão. Não me parecem dois escravos, e sim duas crianças se divertindo com sua mãe adotiva.
E olha que tenho minhas críticas a essas atrizes famosas e um tanto perturbadinhas que resolvem criar uma família arco-íris. Cheguei a comentar o caso em Esquerda Caviar:
Angelina partiu em busca da “família arco-íris”, adotando vários filhos em países miseráveis diferentes. Seu primeiro filho, Maddox, foi adotado no Camboja pouco tempo depois de ela ter sido internada em decorrência da separação de Billy Bob. Nesses países, os astros são tratados como deuses e desfrutam de vários privilégios das autoridades.
Até que ponto é eticamente defensável celebridades perturbadas como Angelina e Madonna aplacarem suas angústias e carências com a adoção de meninos como se animais de estimação comprados em uma loja? A colunista Tracy Dingmann, ela mesma uma criança adotada, observou: “Para mim, parece que Jolie está colecionando bonitinhas crianças mestiças, assim como ela coleciona tatuagens”.
Angelina foi reconhecida como uma das cem pessoas mais influentes de 2008 pela revista Time. Atores ativistas se tornaram cada vez mais a regra em Hollywood, não a exceção. Sua visão política sequer é de esquerda, e está mais para uma postura independente mesmo. Mas isso não nos impede de refletir sobre até que ponto as estrelas de Hollywood, com suas vidas tresloucadas, devem posar como exemplos de bom comportamento mundo afora.
Não acho que Madonna, assim como Angelina Jolie, seja um ícone parental a ser copiado mundo afora. Tenho sérias dúvidas se ela é realmente uma mãe exemplar, independentemente da cor dos filhos. Vale para os negros o que vale para Lourdes Maria. Não deve ser nada fácil ser filho de uma celebridade um tanto destrambelhada. Mas nem por isso vou enxergar racismo em todo lugar, mesmo numa foto que claramente transmite ternura para quem não usa lentes raciais o tempo todo. Menos, gente…
PS: Confesso ao leitor que nem foi a parte de cima da foto que mais atraiu a minha atenção. Com todo o respeito, claro…
Rodrigo Constantino
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