Deputado petista deixa claro que quer PF submetida a interesses políticos. Ou: Momento de sinceridade suicida

Assim não pode. Assim não dá. Os petistas começaram agora a fazer concorrência desleal com a oposição. Ninguém desmoraliza o PT tão bem como eles; ninguém expõe com tanta propriedade o lado mais obscurantista, autoritário e primitivo do partido. Desse jeito, eu ainda terei de defender os companheiros, Jesus!, o que não pega bem pra eles e menos ainda pra mim. Vou fazer o quê? Abrir uma ONG, como aquela que protege o mico-leão-dourado? Mais um pouco, e petista será como ararinha azul, ainda que vermelha por dentro. A quantidade de besteiras que a petezada anda dizendo e fazendo é de assustar.

O Globo traz uma reportagem de lascar de Fernanda Krakovics. No domingo, o Estadão publicou uma entrevista de Leandro Daiello, diretor-geral da Polícia Federal. Ele não disse nada além do óbvio. Indagado, afirmou que a investigação continuará ainda que chegue perto de Lula e Dilma e que nada muda com ou sem José Eduardo Cardozo na Justiça, com ou sem Daiello na PF.

Bem, não afirmou nada que o chefão do FBI não dissesse caso concedesse entrevista, substituídos os nomões por autoridades americanas. Mas parlamentares petistas ficaram bravos. Muito bravos. Falando ao Globo, Carlos Zarattini soube resumir o espírito do grupo:
“Eu não gostei. Esse diretor da Polícia Federal acha que ali é um Quarto Poder, que não tem que se submeter a quem foi eleito, a quem tem voto. Até os ministros do Supremo (Tribunal Federal) são indicados pela presidente da República e referendados pelo Senado.”

Eu entendi errado, ou o deputado Zarattini acha que a Polícia Federal tem de agir ao sabor do poder político? Ora, se ele pensa que é assim, por que não apresenta uma PEC propondo que o chefão da PF seja previamente aprovado pelo Senado? Nem acho a ideia tão absurda. Mas ele está falando é de outra coisa. Não suporta é que a PF não seja mera serviçal do poder de turno.

No WhatsApp, as vozes inconformadas se manifestaram. A deputada Benedita da Silva decidiu apelar logo ao Nazareno: “Nossa bancada é uma voz clamando no deserto às vésperas da crucificação. Não estou preparada para ver esse cortejo”, escreveu. Benedita precisa reler o PT ou a Bíblia. Nessa história, o partido está mais para o demônio que tenta do que para Jesus.

Zé Carlos, deputado do Maranhão, não quer mais um partido apenas defensivo. E metaforizou: “porque ‘quem abaixa demais o fundo aparece’”. Não consta que ele tenha dito como o PT pode cobrir as partes pudendas.

Assis Carvalho (PI) é mais direto: quer providências porque acha que o delegado “extrapolou’. E ele atribui tal tarefa a José Eduardo Cardozo.

Não, eu não acho que a PF e o Ministério Público andem sempre bem. Em muitos momentos, acho, sim, que há atropelos à ordem legal. Mas eu acho isso há muitos anos. Os petistas só se indispuseram com certos métodos quando passaram a ser alvos de investigação.

Se eu fosse um dos presos da Lava Jato, além das dificuldades próprias de tal condição, teria um motivo a mais de preocupação: ter petistas e a presidente Dilma criticando a operação joga a população para o outro lado. Afinal, os petistas não estão reclamando da PF por bons motivos  —  E ELES EXISTEM ÀS PECAS —, mas por maus.

from Reinaldo Azevedo - Blog - VEJA.com http://ift.tt/1NQG4Hx
via IFTTT