Quem acompanha meu blog saberá: não morro de amores pelos tucanos. Essa é a forma mais sutil e educada de dizer que não suporto muito a pusilanimidade do PSDB quando se trata de fazer oposição ao PT, e que também tenho inúmeras críticas ao seu modelo social-democrata de centro-esquerda. Como liberal, claro que não posso enxergar no PSDB uma grande alternativa, pois só mesmo no Brasil, intelectualmente atrasado, os tucanos são vistos como “neoliberais”.
Mas se tenho essa opinião do PSDB, o que dizer do PT? Bem, aí quem acompanha meu blog também saberá: eu abomino o PT, eu tenho verdadeiro asco dos petistas, pois são indecentes num patamar inigualável, autoritários ao extremo, cínicos como ninguém, e totalmente incompetentes com sua mentalidade desenvolvimentista remanescente. Comparar o PSDB com o PT, portanto, é covardia: nós passamos até a achar o PSDB bem razoável.
Digo isso pois fiquei decepcionado com a coluna de Helio Schwartsman na Folha hoje. Não esperava dele, que escreve tanta coisa razoável e com bom senso, essa mesma postura dos que jogam na vala comum, sem separar o joio do trigo (ainda que um trigo bem mais ou menos), o PT e o PSDB. Isso não! Ainda mais na área que era o tema de seu texto, a economia. Como assim, Helio? Não vê mesmo diferença entre Guido Mantega e Arminio Fraga? Diz o colunista:
De todo modo, para a maioria dos brasileiros que não milita em nenhum partido, creio ser um equívoco pautar a ação política apenas pelo cálculo do que possa acontecer com o PT nos próximos pleitos. Para sustentar essa posição, é preciso acreditar que a oposição é essencialmente melhor do que os petistas, o que me parece uma aposta temerária.
Temerário é achar que o PT e o PSDB são igualmente ruins! Temerário é ignorar a verdadeira natureza petista, seu DNA de escorpião bolivariano, sua patologia estatizante. Não milito em partido algum, e tenho sérias críticas a fazer aos tucanos, mas não entro nessa de “neutralismo” com ares de superioridade, pois isso é simplesmente injusto com o PSDB. Escrevi um texto aqui comparando, do ponto de vista econômico, a era FHC com a era Dilma. O resultado está lá, bem claro.
Pergunto ao Helio: ele realmente acha que o Brasil estaria nessa mesma crise hoje se, nos últimos anos, tivéssemos no comando da economia a equipe de Arminio Fraga em vez de Guido Mantega? Ele realmente acha que Aécio Neves e Dilma são equivalentes? Ele realmente acredita que Arno Augustin é um nome que teria vez no PSDB, influenciado pela Casa das Garças? Ele sinceramente acha que Unicamp e PUC-RJ produzem economistas do mesmo nível? Como já disse aqui, eis a grande diferença entre Mantega e Arminio: o primeiro eu não contrataria nem como estagiário, e o segundo eu me esforçaria para conseguir uma vaga como seu estagiário
Reparem que estou focando apenas no aspecto econômico, pois se formos falar de política, da forma de fazer política, do flerte com a censura de imprensa, com ditadores, de política externa e Mercosul, de Foro de São Paulo e tudo mais, aí a covardia é ainda maior. Sim, o PSDB é um partido muito distante do ideal de qualquer liberal, e é lamentável ter como a alternativa mais à “direita” um partido que prega o modelo de estado de bem-estar social europeu. Mas calma lá! Então defender o modelo francês é o mesmo que defender o modelo venezuelano agora?
Não dá para aceitar a colocação de Helio e tantos outros que, em nome de uma suposta “isenção”, tratam o PT e o PSDB como equivalentes. Acho essa postura temerária, e só interessa aos petistas corruptos e incompetentes, cuja grande linha de defesa hoje é sair do “nunca antes na história deste país” para o “sempre antes na história deste país”. Ou seja, o PT quer ser visto como um partido normal, como os outros. Mas não é! É muito pior, em todos os aspectos. É mais corrupto, mais cínico, mais mentiroso, mais autoritário, mais incompetente, mais ideológico, mais socialista, mais canalha. Não enxergar isso é temerário!
Rodrigo Constantino
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