O jingle do prefeito Fernando Haddad (PT) à reeleição deve ter sido criado por algum inimigo infiltrado na campanha. É humor involuntário. Prestem atenção: “Haddad, esse prefeito é bom demais, esse faz. Eu quero ele de novo porque quero mais.”
Não é só a língua que foi estropiada — “quero ele” —, mas o senso comum e o bom senso. Se há uma imagem que o petista não conseguiu plasmar, e por boas razões, é a do realizador.
Imaginem: sempre que o morador de São Paulo ouvir o “esse faz”, vai se dedicar a um exercício mnemônico, vai botar a memória pra funcionar: “Faz o que mesmo?” E será torturado por um enorme vazio. Ou pior: será castigado pelas lembranças: ciclofaixas esburacadas para ninguém; os “descorredores” de ônibus, aqueles que ele prometeu e não entregou; o ajuntamento de alunos de diferentes idades na pré-escola, o que inviabiliza o trabalho pedagógico; as vias públicas simulando a paisagem lunar, com suas impressionantes crateras; a baixa qualidade do atendimento à Saúde…
Esse faz? E se o paulistano realmente quiser mais, coitado? Aonde vai parar?
Não obstante, leio que ele decidiu atacar o monotrilho, obra tocada pelo governo de São Paulo — afinal, precisa se opor a alguém, já que tem muito pouco a dizer sobre si mesmo. E, consta!, também vai criticar o corte de direitos, que estaria sendo promovido pelo governo federal. Ele não conseguiria dizer quais.
Com todo respeito, Haddad é um pateta político que não conseguiu se entender nem com aquela que era a dita “presidenta” da República, com quem prometeu uma parceria que revolucionaria a cidade. Mais de três anos, de seus quatro de gestão, se deram sob a égide de Dilma.
Acho que entendi a metafísica: se, como aliado do governo federal, ele conseguiu fazer de São Paulo um lugar bem pior do que era antes, quem sabe, como adversário, se vitorioso, ele consiga realizar uma boa gestão…
Haddad é, antes de tudo, um grande erro de lógica.
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