Por Eliane Oliveira e Janaína Figueiredo, no Globo:
O Mercosul está passando por um de seus piores momentos e como reflexo de uma crise interna cada vez mais profunda os países do bloco decidiram não realizar a cúpula de presidentes do meio do ano, segundo confirmou ao GLOBO uma alta fonte da chancelaria argentina. O principal motivo que levou o bloco a suspender o encontro de chefes de Estado foi a situação da Venezuela que, de acordo com o calendário oficial, deveria assumir a Presidência Pro Tempore do Mercosul. Essa possibilidade, que ainda gera debate interno, preocupa os demais países membros já que, na prática, significa deixar nas mãos de Caracas o comando do processo de integração por um período de seis meses, em meio à delicada situação política, social e econômica da Venezuela.
Segundo uma fonte do governo brasileiro, a existência de dois presidentes da República no Brasil, que sequer se cumprimentam, também pesou na decisão de suspender a cúpula. Na última segunda-feira, a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, se reuniu com seu colega de pasta uruguaio, Rodolfo Nin Noboa, em Montevidéu, e no encontro ficou definido que no próximo mês de julho será organizada apenas uma reunião de chanceleres.
Com o comércio intra e extra bloco em baixa, a evidente falta de sintonia entre os chefes de Estado do Mercosul acentua a deterioração de um processo de integração que, segundo analistas, atravessa um período crítico. Nos últimos meses, aumentaram os questionamentos dentro do bloco ao governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mergulhado numa disputa com seus opositores sobre a realização de um referendo sobre sua permanência no poder.
Além do cenário político conturbado, a Venezuela representa, de acordo com fontes argentinas, um obstáculo para ampliar o comércio do Mercosul com outros países e blocos, entre elas a União Europeia (UE), hoje prioridade de seus sócios regionais.
Procurado pelo GLOBO, o governo brasileiro disse ter ficado sabendo do cancelamento pela mídia argentina, mas consideraram que a suspensão, já era um fato. A explicação dada pela fonte argentina foi “a situação atual” dos países que integram o Mercosul, principalmente a Venezuela de Maduro. A mesma fonte não confirmou se o país assumirá, no encontro de chanceleres, a Presidência Pro Tempore, exercida atualmente pelo Uruguai.
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