Alexandre Padilha, com medo de discursar, limita-se a dar boa noite e sair. Fonte: GLOBO
A CUT, como todos sabem, é o braço sindical do PT. Mas isso vale mais para as lideranças da CUT do que para os trabalhadores sindicalizados que frequentam seus eventos, normalmente de olho no “pão & circo”, não nos enfadonhos discursos políticos e eleitorais.
Nesse Dia do Trabalho, ao ignorar isso e por não avaliar corretamente que o povo está cansado do PT, lideranças do partido foram vaiadas e impedidas de discursar na festa da CUT. Enquanto isso ocorria, um artigo de seu presidente na Folha enaltecia as “conquistas” do governo e atacava o risco de retrocesso com o “neoliberalismo”.
As elites dirigentes do PT e da CUT perderam o elo com os trabalhadores, apesar de toda tentativa de comprá-los. Crescimento medíocre e inflação elevada – estagflação – fizeram com que esses trabalhadores ficassem “de saco cheio” das falsas promessas. Os escândalos infindáveis de corrupção, inclusive envolvendo a Petrobras, adicionam insulto à injúria.
Eis como Vagner Freitas, o presidente da CUT, concluía sua mensagem, endossando a pauta da própria presidente Dilma e do PT, ao demandar uma “reforma política” plebiscitária, nos moldes venezuelanos:
E a reforma política é uma das nossas prioridades. Junto com movimentos populares e sociais, a CUT está organizando um plebiscito para aprovar a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva.
Queremos um sistema político que garanta maior participação popular, transparência, controle do povo sobre o poder político, melhor uso do dinheiro público, entre outras coisas que aumentarão, inclusive, as chances de um cidadão comum se candidatar e, realmente, defender os interesses da sociedade nas casas legislativas. Já existem vários comitês no país, e a votação começa em setembro.
Enquanto esse texto era lido por alguns, eis a “participação popular” realmente desejada no evento da CUT, segundo reportagem do GLOBO:
Políticos petistas como o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o pré-candidato ao governo do estado Alexandre Padilha (PT) e o ministro Ricardo Berzoini foram impedidos de fazer os discursos programados para a festa do 1º de Maio, liderada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores (CTB) e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), na tarde desta quinta-feira, no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo. O público vaiou e atirou papéis, latas e garrafas em direção ao palco todas as vezes que os nomes de políticos foram anunciados.
Pela programação do evento em comemoração pelo Dia do Trabalho, os discursos políticos deveriam durar uma hora, mas acabaram abreviados em poucos minutos. O primeiro a subir no palanque seria Haddad. Mas tão logo seu nome foi anunciado pelo apresentador do evento, o público, estimado em 3 mil pessoas segundo a Polícia Militar (80 mil pessoas de acordo com a organização), começou a vaiar e a arremessar objetos. Indignado, o prefeito foi embora sem sequer falar com a imprensa.
O apresentador tentou acalmar o público exaltado durante vários momentos, pedindo calma várias vezes, e chegou a dizer que “o ato político era importante”. O ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, também foi recebido com vaias e impedido de discursar.
No momento de anunciar Alexandre Padilha, o locutor não o apresentou como pré-candidato, apenas como ex-ministro. Padilha, ao pegar o microfone, logo lançou uma pergunta: – Quem é contra o racismo?. As pessoas ergueram os braços e Padilha aproveitou o momento e resumiu seu discurso à saudação única “bom dia, boa tarde e boa noite”. E logo deixou o palco e foi embora.
O senador petista Eduardo Suplicy também só agradeceu o público e a festa seguiu com os shows programados.
Vale destacar que o ministro Gilberto Carvalho também foi vaiado quando tentou defender o governo Dilma no evento da Força Sindical. O povo não quer saber de proselitismo político, de campanha eleitoral do PT, de propaganda enganosa sobre falsas conquistas do governo. O povo queria a festa! Estava ali pelos shows!
E isso num evento da CUT, que sempre foi ligada ao PT. Imagina na Copa! A presidente Dilma jamais terá coragem de discursar, pois sabe muito bem qual seria a reação. Sinal dos tempos? As novas pesquisas eleitorais vão mostrar, mas há todos os indícios de que os trabalhadores cansaram mesmo do PT e do governo, pois sentem no bolso as mazelas de sua incompetência e não aguentam mais tanto escândalo de corrupção.
Rodrigo Constantino
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