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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Putin deve cobrar alguma concessão do “Rei do Chocolate” para ter um bom pretexto para recuar

Petro Poroshenko, pró-Ocidente, deve ter vencido a eleição na Ucrânia

Petro Poroshenko, pró-Ocidente, deve ter vencido a eleição na Ucrânia



Tudo indica que o magnata Petro Poroshenko, conhecido como o “Rei do Chocolate”, venceu a eleição na Ucrânia no primeiro turno. Pesquisas de boca de urna lhe dão em torno de 56% dos votos. É o fim da crise? Ainda não. Embora tenha experiência política e trânsito — já foi ministro da Economia e das Relações Exteriores e é dono da cadeia de confeitarias Roshen e de um canal de televisão —, Poroshenko deve ser eleito apenas pela população da, digamos assim, Ucrânia ocidental, muito especialmente Kiev, e isso será fonte permanente de dor de cabeça. Nas cidades rebeladas do Leste, que são pró-Rússia, praticamente não houve eleição. Os separatistas não deixaram e não reconhecem o pleito. É o caso de Donetski, por exemplo, onde está o epicentro do separatismo.


Assim, é evidente que os separatistas vão acusar a ilegitimidade do presidente eleito e tentarão manter seu movimento de “resistência”. Poroshenko conseguirá estabelecer alguma forma de negociação? É o que se espera. E é possível que, sob certas condições, Vladimir Putin esteja disposto a ouvir. Parece sandice supor que a Rússia pretenda manter uma presença militar na Ucrânia. O que ele quer ali é um aliado — ou, vá lá, um governo que não seja hostil.


Poroshenko é pró-Ocidente e defende a integração do país à Europa — raiz do conflito. Mas sob quais condições? Eis a questão. A elite ucraniana, até agora, tem protagonizado desastres em série. Quem opera política externa sabe que e preciso que os países se preocupem também com o vizinho. E a Ucrânia parece ter esquecido quem estava logo ali, do outro lado da fronteira.


É claro que Putin vai ficar de olho na não-participação do Leste do país e terá sempre uma carta na manga: a suposta ilegitimidade do processo eletivo. Mas tendo a achar que ele vai usar essa fragilidade para negociar uma submissão, digamos, altiva dos ucranianos: o preço de reconhecer a vitória de Poroshenko deve ser a cobrança da fidelidade a Moscou. Ainda que o país venha a fechar um acordo com a União Europeia, Putin deve arrancar a garantia de que não se fará política anti-Rússia por ali. Na retórica ao menos, o presidente eleito diz que não vai reconhecer a anexação da Crimeia. É conversa mole. Isso já está fora de questão.


Ainda que os movimentos separatistas gozem de certa autonomia, é evidente que irão até onde Moscou permitir. Poroshenko na Presidência da República não terá mais facilidade, por exemplo, para impor uma solução militar do que tem o atual governo. Esta, Putin já deixou claro, é inaceitável. O que o presidente russo pode alegar agora é que haverá alguém com um pouco mais de legitimidade com quem conversar, já que ele se nega a falar com o governo interino da Ucrânia, que considera golpista.


Putin certamente tentará arrancar de Poroshenko alguma concessão que justifique um recuo. Duvido que tenha a intenção de manter um Exército de ocupação no Leste da Ucrânia, ainda que boa parte da população, de origem russa, pudesse ver a intervenção com bons olhos. O mundo já engoliu a Crimeia. Não é possível criar outra.







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