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segunda-feira, 8 de maio de 2017

Lula em Curitiba, a “bicicreta”, o “pobrema” e preconceito xucro

Leio que uma das páginas de Facebook que fazem campanha em favor da prisão de Lula publicou um cartaz assim:

“Lulladrão, cadê você? A República de Curitiba te aguarda ansiosa!!! Seja di pé, rastejando que nem jararaca ou de bicicreta, não tem pobrema… Vem logo, querido!”.

Pois é… Há aí inegável carga de preconceito.

Todos sabem que eu chamava o então presidente Lula de “O Apedeuta”, o que irritava muita gente. Não era uma referência à sua baixa escolaridade, mas à propaganda que ele fazia de sua ignorância bem-sucedida. Isso ficava especialmente evidente quando se referia a FHC. Quantas vezes não o ouvimos dizer que o “governo do operário sem estudo era melhor do que o do sociólogo”?

Independentemente dos méritos de cada gestão, é evidente que a formação escolar do titular da Presidência não estava na raiz dos acertos e erros de seus respectivos governos. É indecoroso transformar o preparo intelectual num demérito.

O que vai no cartaz, no entanto, nada tem a ver com a minha crítica. O que se vê ali é preconceito. Parece que Lula tem de ser condenado e preso porque, afinal, não domina as regras da língua portuguesa. Até parece que a “Inculta e Bela”, na pena e na boca da extrema-direita brasileira, não está mais para sepultura do que para esplendor.

Não custa lembrar que, no depoimento prestado em março na 10ª Vara Federal de Brasília, a performance gramatical de Lula foi bem superior à de seus interrogadores. Se alguns atropelos à normal culta se desculpam a Lula em razão de sua tímida escolaridade, o que dizer dos outros?

Boa parte das pessoas que falam “pobrema” e “bicicreta” não cometeu crime nenhum. Ao contrário: costumam ser vítimas de criminosos com uma gramática melhor e uma moralidade pior.

Eu acho que Lula tem de ser punido, sim! Mas sua gramática não tem nada com isso e não deveria servir nem à caricatura.


Arquivado em:Brasil, Política


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