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terça-feira, 29 de agosto de 2017

EM NOME DE DEUS

Por Clovis Medeiros (*)
Acompanhei recentemente a polêmica levantada por um vereador da capital ao solicitar a retirada dos crucifixos do plenário da Câmara Municipal e plenarinho, suscitando, é claro, as mais diversas e acaloradas reações. Salientava, o abnegado edil, que seu pedido não se tratava de uma atitude irrelevante, pois a Constituição Federal determina que o Estado brasileiro é laico, não podendo assim privilegiar esta ou aquela religião.

Segundo nossa Constituição, o Estado Brasileiro é laico, certamente, mas não é ateu. No seu preâmbulo encontramos: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático (...) promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil”, portanto, saiba o vereador que nossa Constituição não foi feita para servir à sua causa.

Historicamente, as revoluções comunistas colocaram sempre a eliminação do cristianismo como uma das condições imprescindíveis para o triunfo de sua utopia. E tinham razão, de Marx a Lênin, todos sabiam que o cristianismo não era apenas uma doutrina religiosa fundada na bem-aventurança póstuma — como a cruz nunca foi apenas um símbolo religioso. O cristianismo foi o alicerce mais sólido no qual, em quinze séculos,  se ergueria a moderna civilização ocidental e seus valores.

Nos seus delírios autoritários, Enver Hoxha, o ditador da Albânia, proclamou em 1967 a criação do primeiro Estado ateu do mundo, com a prisão e eliminação dos últimos 300 religiosos.  Hoxha produziu também uma das mais insólitas paisagens urbanas já vistas. No caminho do aeroporto para Tirana, nos deparamos com centenas de casamatas ao longo da rodovia. Foram construídas mais de 700 mil dessas estruturas nos 40 anos do regime do ditador — uma para cada quatro habitantes do país mais pobre da Europa.

De quebra, Hoxha ainda foi o “muso” da guerrilha do Araguaia na década de 1970. A Rádio Tirana transmitia diretamente da Albânia para o Brasil (em ondas curtas), um programa diário em português enaltecendo os feitos heroicos dos guerrilheiros.

Nosso vereador, um notável apparatchik — um burocrata atrás de sua mesa a proclamar a retirada do maior símbolo cristão do espaço de decisões públicas da cidade — desconhece Florianópolis e seu povo; desconhece também que a Ilha de Santa Catarina é uma homenagem a Santa Catarina de Alexandria. Deveria então, segundo esse laicismo torto, o belo nome da Ilha de Santa Catarina ser banido da história? Ironicamente, a mesma Catarina, decapitada pelo imperador Maximiano por jamais ter renunciado ao amor àquele que o vereador quer ver expulso da Câmara Municipal.
 
(*) Clovis Medeiros é Jornalista e artista plástico


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