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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Lula tem sua natureza divina revelada em ato em sua homenagem; ele, sozinho, vale uma humanidade

Não adianta! Eles tocam sempre a mesma tecla. Já comentei aqui algumas vezes: há certo discurso em defesa de Lula que só faz sentido se ele fugir do Brasil. Como, segundo consta, ele não fará isso — não mesmo? —, então o que se tem é só estratégia contraproducente. Vamos ver.

Um grupo de esquerdistas se reúne neste momento, na Casa de Portugal, no centro de São Paulo, para lançar uma campanha em defesa do ex-presidente Lula. Sabem qual o nome da coisa? “Por um Brasil Justo pra Todos e pra Lula”.

De acordo com o site oficial e as páginas nas redes sociais do petista, o manifesto foi assinado por “advogados, juristas, profissionais da área da cultura, intelectuais, jornalistas, economistas, educadores, estudantes, lideranças de movimentos sociais e sindicalistas”.

Haviam confirmado presença no evento o próprio Lula; o presidente nacional do PT, Rui Falcão; a presidente do PCdoB, Luciana Santos; o presidente do PDT, Carlos Lupi; o presidente da CUT, Vagner Freitas; a presidente da UNE, Carina Vitral; o líder do MST João Stédile e o chefão do MTST, Guilherme Boulos.

Entre os artistas, aderiram ao ato Sérgio Mambertti, Maria Casadevall, Chico Cesar e Laerte. A ideia desse movimento, segundo seus organizadores, é repudiar uma suposta “caçada judicial e midiática que vem sofrendo o ex-presidente Lula”.

Segundo a turma, o ex-presidente tem sido “alvo preferencial de denúncias inconsistentes e sem provas, insufladas pelos grandes grupos de comunicação, por procuradores e pela Operação Lava Jato”. Ah, sim! O movimento repudia também a criminalização dos ditos movimentos sociais.

Eis aí: essa é apenas uma das teorias conspiratórias influentes. O que Lula tem conseguido com isso, além de nada?

E, vamos convier, há coisas que passam do ridículo. O lema da campanha sugere a natureza divina, supra-humana, do chefão petista. Notem que a exortação pede um Brasil justo para todos “ e também pra Lula“. Ora, a palavra “todos” expressa um absoluto, certo? O “todos” não exclui ninguém. Nada há fora do todos.

Não havia até esta quinta. Agora, sabemos que o universo é composto de duas inteirezas, harmônicas entre si: existe o “todos” — que, numa pegada mais filosófica, devemos entender como “o todo”. E, em pé de igualdade com tudo o que há, está Lula.

O texto remete a uma concepção ainda mais autoritária do que isso. Ainda que o Brasil fosse o reino da Justiça para “todos”, isso não seria suficientemente virtuoso se Lula estivesse desgostoso com alguma coisa. Logo, o demiurgo tem de estar acima dos critérios com que se medem normalmente a Justiça.

Essa coisa toda, do ponto de vista deles lá, poderia ao menos estar dando certo. Mas não está.

O petista é hoje vítima de uma concepção de mundo que o coloca acima das vicissitudes humanas. O Babalorixá de Banânia leva isso a sério e sai por aí reivindicando o que não terá: a inimputabilidade.

E esta, fiquem certos, ele não terá.



from Reinaldo Azevedo http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/lula-tem-sua-natureza-divina-revelada-em-ato-em-sua-homenagem-ele-sozinho-vale-uma-humanidade/
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