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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Dilma aplica “medidas amargas”, pessoal, mas com dor no coração!

Ê Dilma Rousseff!!! Vamos ver: eu sempre achei, já escrevi aqui, podem procurar, que o governo precisava cortar gastos. Quem dizia que isso é coisa de neoliberal malvado era a então candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Nesta quinta, no entanto, a presidente, já reeleita, Dilma afirmou que será, sim, preciso fazer o que chamou de “lição de casa”. Vale dizer: ela está dizendo que vai ter de cortar gastos, intenção que atribuía a seu adversário na disputa presidencial, o tucano Aécio Neves.


Raramente se viu tamanha coleção de estelionatos em tão pouco tempo. Dilma foi reeleita no dia 26. Depois disso, já houve a elevação de juros, a elevação das tarifas de energia elétrica, elevação do preço dos combustíveis e, agora, anúncio no corte de gastos. Mais: na conversa com os jornalistas, a represidenta admitiu: “Vamos ter de apertar o controle da inflação. Nós temos problema interno com a inflação”.


É mesmo? Ao longo da campanha, ao contrário do que disse agora, Dilma assegurou que a inflação não era um problema. Também negava que houvesse gordura para cortar no governo. O que a Dilma-candidata dizia, em suma, não pode ser endossado pela Dilma reeleita.


Pois é… Como esquecer que, a cada entrevista coletiva de Aécio Neves, então candidato do PSDB à Presidência, sempre havia um jornalista para perguntar: “Candidato, quais serão as medidas amargas que o senhor pretende adotar?”


Mais do que isso: na pena de alguns colunistas “isentos como um táxi” (by Millôr), as tais “medidas amargas” constituíam o divisor de águas das duas candidaturas. Uma seria a popular — a de Dilma, que jamais jogaria sobre as costas dos trabalhadores a conta do ajuste —, e a outra, a impopular: a de Aécio, claro!, que, segundo Dilma e os colunistas do nariz marrom, se eleito, elevaria o preço dos combustíveis, a tarifa de energia e a taxa de juros, além, claro!, de cortar gastos.


Como é que os pilantras intelectuais explicam o que está em curso? Ora, pilantras intelectuais dispensam-se de dar explicações. De resto, a gente sabe, “medidas amargas” aplicadas por petistas são doces, não é mesmo? Esquerdistas têm o caráter mais ou menos deformado em qualquer lugar. Uma vez perguntaram a Jacques Delors, ministro das Finanças do socialista Mitterrand, quem deu um choque de capitalismo com “medidas amargas”, qual era, afinal, a diferença entre direita e esquerda. Ele respondeu: “A diferença é que nós fazemos o mesmo, mas com dor no coração”. Ah, bom!


Entenderam? Se, uma vez vitorioso, Aécio tivesse de aumentar a gasolina, a energia e os juros, além de cortas gastos, ele certamente o faria porque não tem coração. Já a companheira Dilma faz tudo isso porque nos ama e, saibam, ela sofre por nós.


A cada dia tenho mais claro que é impossível ser um esquerdistas sem uma dose fundamental de vigarice intelectual.







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