A imprensa brasileira, há exceções aqui e ali, vive um dos piores momentos de sua história. E não estou me referindo a uma peculiaridade deste período, em que formas novas de financiamento estão surgindo, e outras, tradicionais, estão definhando. Até porque velhos vícios podem perfeitamente bem se adaptar a plataformas modernas. Eu estou me referindo mesmo é à qualidade da mão de obra e ao adernamento ideológico.
Uma pauta começou a frequentar as redações, muitas delas “independentes com um táxi” (Millôr) ou como uma igreja fundamentalista. Que pauta é essa? “Quem financia o Movimento Brasil Livre? Quem financia o Vem Pra Rua? Quem financia os movimentos pró-impeachment? Será que eles tem CNPJ?”
É claro que é uma pauta legítima. É claro que é uma curiosidade legítima. É claro que se pode fazer uma reportagem legítima. Mas o que deslegitima pauta, curiosidade e reportagem? A sem-vergonhice, a má-fé e o trabalho de encomenda. Explico.
Por que esses mesmos repórteres, tomados dessa curiosidade à boca do impeachment, nunca se interessaram em saber quem financia o Movimento Passe Livre? Por que nunca se interessaram em saber quem financia o MST? Por que nunca se interessaram em saber quem financia o MTST? Por que não se dedicaram à tarefa de investigar quem financia a ocupação de quase 200 escolas no Estado de São Paulo — ou os recursos para alimentar esses aparelhos surgem por geração espontânea?
Qual é o CNPJ do MTST?
Qual é o CNPJ do MST?
Quanto dinheiro público já foi repassado, direta ou indiretamente, à entidade — ou que nome tenha — do senhor Guilherme Boulos? E à igreja pagã de João Pedro Stedile?
É evidente que não estou estabelecendo paralelos e semelhanças entre os dois movimentos pró-impeachment que citei e esses agrupamentos de esquerda. Estes vivem pendurados nas tetas públicas; aqueles não. Estes atuam promovendo a desordem e impedindo o bom andamento de políticas públicas. Os grupos que lutam pelo impeachment se financiam na luta, na batalha mesmo, sem tetas oficiais, e são procuradores da ordem democrática.
Os jornalistas dedicados a essa tarefa resolveram atuar como polícia política do petismo, tentando encontrar alguma suposta irregularidade ou alguma estranheza nesses movimentos para tentar desmoralizar a luta pelo impeachment.
Sim, senhores, a esmagadora maioria dos jornalistas acha absolutamente normal que MST e MTST, mesmo sem constituir pessoa jurídica, sejam gestores de milhões em verbas públicas nas ruas respectivas áreas de atuação, privatizando um naco do Orçamento em benefício de seus associados e apaniguados. Por incrível que pareça, isso não lhes parece um roubo.
Pior: parte dos recursos públicos garante, inclusive, a mobilização desses setores em defesa do mandato de Dilma. Vale dizer: os que saem por aí vomitando que o impeachment é golpe o fazem em benefício do governo, com dinheiro público. Os grupos que lutam pela saída de Dilma têm de viver de doações — e é claro que não devem mesmo receber capilé oficial. Era só o que faltava. Mas também não deveriam recebê-lo os demais, aqueles do nariz marrom.
Não! Infelizmente não é curiosidade genuína que pauta esses dos quais falo. Ao contrário: estão apenas cumprindo uma tarefa que lhes dita ou uma orientação partidária ou a má-consciência tisnada pela ideologia.
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