O colunista Nelson Motta toca em ponto importante na sua coluna de hoje: será que compensa gastar tantos milhões da “viúva” para preservar o horário “gratuito” das campanhas eleitorais? Afinal, cada vez mais gente tem alternativas a esse enfadonho show de horror, preferindo a internet ou os canais fechados no lugar do circo político obrigatório.
Se ao menos tal horário “gratuito” servisse para conhecer de fato as propostas e ideias dos candidatos, com cada um explicando ponto a ponto sobre as principais questões que afligem o povo brasileiro… mas não é nada disso! É uma ilusão preparada por marqueteiros que são, eles próprios, os maiores beneficiados por essa palhaçada toda, enriquecendo à custa dos otários. E com qual propósito? Diz Motta:
Não é muito caro para chover no molhado? Não estão pagando cada vez mais e fazendo maiores bandalhas por um tempo que vale cada vez menos?
Será que só os spots de 30 segundos, que são vistos por todos os segmentos sociais durante a programação, serão capazes de decidir o jogo e justificar seu preço? Há controvérsias. Além dos 60 milhões que assistem à TV por assinatura, todo mundo está ligado na internet, as redes sociais são incontroláveis. Será que vale a pena pagar tropas digitais para virarem dia e noite trolando ofensas, difamações e slogans nas redes e pregando para convertidos? Todos já sabem: nem tudo que cai na rede é pixel.
Se Marina for ao segundo turno com dois minutos de TV, produzidos com alguns trocados, ou se vencer a eleição, esse formato do horário eleitoral gratuito, que virou moeda de troca dos partidos ao custo de 700 milhões de reais ao contribuinte, estará com os minutos contados na reforma eleitoral que a sociedade está exigindo.
O avanço de Marina prova que há outras vias além do tempo de TV, comprado a preço de ouro nas negociatas partidárias, para se chegar lá. É preciso repensar o modelo atual. Infelizmente, a principal bandeira levantada tem sido na contramão do que precisamos, tem sido em prol de mais gasto público nas campanhas.
O tal “financiamento público” defendido por tanta gente, ignorando-se que ele já existe, seria apenas insistir no mesmo erro. Não acabaria com o caixa dois e a corrupção na política, tampouco com o quid pro quo. Esses precisam ser combatidos pela redução da impunidade e do prêmio ao se conquistar o poder, ou seja, com um menor escopo do estado e um poder mais descentralizado (federalismo). O melhor é mesmo abolir qualquer financiamento público e deixar os gastos com campanha a cargo de cada partido e seus voluntários.
Em tempo: o horário “gratuito” serve para aberrações como, por exemplo, o PT mostrar uma Dilma humilde que come em restaurante popular de um real, enquanto longe das câmeras, ela prefere torrar milhares de reais em uma paradinha tática em Lisboa para frequentar o “Eleven”, um restaurante fino e extremamente caro, ou então gastar R$ 15 mil em uma só noite para se hospedar na suíte presidencial do Unique, um dos hotéis mais luxuosos de São Paulo. Isso o otário, digo, o espectador do horário “gratuito” não vê…
Rodrigo Constantino
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