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sexta-feira, 6 de junho de 2014

O que estará em jogo nas eleições de outubro: reconstrução ou destruição


O Brasil daqui a 4 anos se o PT ganhar em outubro



O atual governo vem insistindo em seus equívocos ideológicos, com a “nova matriz econômica”, que abandonou o velho tripé macroeconômico: responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e autonomia do Banco Central para perseguir a meta de inflação. Os resultados estão aí: o país já vive uma estagflação, com “crescimento” pífio da economia e elevada inflação.


Há uma síntese no editorial do GLOBO de hoje dos maus indicadores econômicos, que têm ligação direta com as trapalhadas do governo na condução da economia. Indústria em queda, produção de automóveis desabando, até consumo das famílias caindo: o quadro é sombrio. Diz o jornal:


Endividamento das famílias, crédito escasso, horizonte nebuloso para as empresas — há várias hipóteses de análise sobre a perda de dinamismo industrial. Só que, desta vez, ao contrário de 2009, o álibi da “crise externa” não pode ser acionado pelo governo. Pois, embora haja situações diversas no continente, existem sinais na Europa de que pelo menos a situação deixou de se degradar, enquanto os Estados Unidos aceleram a recuperação. Há estimativas de crescimento entre 3% e 4% este ano, bem mais que o Brasil, condenado a patinar em torno do 1%.


Ou seja, ninguém mais vai acreditar no discurso oficial que tenta jogar a culpa do fracasso econômico em ombros alheios, fora do país. É um estrago produzido aqui mesmo, totalmente “made in Brazil”, mais especificamente por nosso governo incompetente e ideologicamente equivocado.


O professor da PUC, Rogério Werneck, escreveu em sua coluna de hoje no mesmo jornal um resumo do que está em jogo nas próximas eleições. Está em curso hoje um processo de destruição dos principais pilares da nossa economia. Há um grande estrago institucional, e vários problemas que foram apenas postergados, jogados para baixo do tapete, mas que terão de ser enfrentados em 2015, seja qual for o governo. Resta saber qual teria melhores condições de lidar com o desafio. Werneck é claro em sua opinião:


É bom não ter ilusões sobre a herança amarga com que terá de arcar o novo governo. Há pela frente uma complexa agenda de reconstrução da política econômica. E, dessa perspectiva, o cenário de reeleição da presidente só pode ser visto com enorme desalento. O governo mostra-se completamente despreparado para fazer o que precisa ser feito. Insiste em negar a necessidade de mudanças na política econômica. E, agarrando-se a um discurso primitivo e populista, que marca retrocesso de pelo menos 20 anos no debate econômico do país, vem denunciando qualquer proposta de mudança como defesa de arrocho salarial e desemprego.


A análise do cenário alternativo, de vitória da oposição na eleição presidencial, permite vislumbrar com mais clareza a agenda de reconstrução da política econômica que terá de ser enfrentada em 2015. É bom notar que, em meio às muitas dificuldades, haveria amplo espaço para uma colheita fácil de resultados iniciais importantes, com o anúncio de medidas que possam dar lugar ao choque de credibilidade que há muito tempo se faz necessário na condução da política econômica.


A simples nomeação de uma equipe econômica respeitável, que soubesse manter um discurso coerente e fosse capaz de restabelecer sintonia entre as atuações da Fazenda e do Banco Central, já faria enorme diferença. Na área fiscal, a restauração da credibilidade do registro das contas públicas seria um grande avanço. Bastaria um anúncio singelo de encerramento definitivo do festival de truques contábeis que vêm pautando a política fiscal. Naturalmente, isso exigiria a desmontagem do gigantesco orçamento paralelo que, há muitos anos, o governo vem alegremente mantendo no BNDES.


Concordo totalmente com meu ex-professor. De um lado, temos a garantia de que os equívocos vão continuar, pois não há demonstração alguma de que a presidente Dilma compreende as origens dos problemas. Ela mesma reconheceu estar perplexa diante da crise, sem saber suas causas. Sua equipe econômica continua na fase de negação dos problemas, como se tudo fosse melhorar como que por magia, apenas manipulando as expectativas dos investidores.


Por outro lado, há grande possibilidade de um choque de credibilidade ocorrer caso a oposição vença, principalmente Aécio Neves, cercado de economistas com ótima reputação, como Armínio Fraga, que gozam da confiança dos agentes econômicos. Nesse caso, haveria um tempo concedido pelo mercado para reformas e ajustes, colocando o país novamente nos eixos.


Não será fácil, nem indolor, mas ou se faz isso, ou o Brasil caminhará a passos cada vez mais largos rumo ao destino trágico da Argentina. O que está em jogo, portanto, é exatamente isso: um voto que insiste nos erros e coloca o Brasil mais perto da desgraça argentina; ou uma chance de resgatar uma agenda de reformas necessárias para voltar a avançar.


Não resta dúvida de qual cenário devemos defender. O maior problema, caso vença a oposição, nem será desarmar a bomba-relógio montada pelo PT, mas sim encarar um PT novamente na oposição, fazendo de tudo para prejudicar o Brasil, como sempre fez. É o alerta que Nelson Motta faz em sua coluna de hoje: “Mas a pior ameaça de volta ao passado é ter o PT na oposição, sabotando todas as ações de um eventual governo adversário, como fez com o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal”.


De fato, o PT tem um potencial destrutivo enorme na oposição. Mas sem dúvida ele é ainda maior no governo, com tanto poder na mão. Eis o resumo do que está em jogo nas próximas eleições, portanto: a chance de reconstruir o país, ou a garantia de destrui-lo de vez.


Rodrigo Constantino







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