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segunda-feira, 23 de junho de 2014

E a Cracolândia, quem diria?, agora virou ponto turístico da nobreza europeia. Chega a ser asqueroso! É o jeito como a esquerda trata a miséria…

Há coisas que são indecentes em si; que não têm conserto. Príncipe Harry — o ruivo, que não lembra a Família Real Britânica — começa nesta segunda uma visita ao Brasil. Trata-se, informa o Itamaraty, de uma viagem privada, que começa por Brasília. Na cidade, ele vai conhecer o Centro Internacional de Neurorreabilitação Sarah. Depois, assiste à partida entre as Seleções do Brasil e de Camarões. Também passará por São Paulo. E, consta, a seu pedido, pediu para ir à Cracolândia. O prefeito Fernando Haddad (PT) vai levá-lo para conhecer o programa “Braços Abertos” — também conhecido como “Bolsa Crack”.


Os príncipes são assim mesmo. Entediados coma vida castelã, procuram terras ignotas para conhecer coisas estranhas. Que bonito! O inferno de São Paulo agora virou ponto turístico para distrair a nobreza europeia. Cuidado, hein!? Harry pertence àquele lado da Família Real que tem, como a gente diz no interior, o “chifre furado”. Vai que se encante com esse pedaço do território brasileiro que é regido por leis próprias, onde bobagens como a Constituição e o Código Penal não valem…


Não conheço nada mais essencialmente imoral do que miséria que se transforma em ponto turístico, sejam os morros do Rio, a periferia de São Paulo ou, no caso extremo, a Cracolândia.


Por incrível que pareça, a esquerda e seus congêneres regrediram moralmente. Já lhe falei aqui sobre essa canção e volto ao assunto. Carlos Lyra e Giafrancesco Guarnieri compuseram um clássico da música de protesto na década de 60 — acho que foi em 1964 mesmo. A música se chama “O Morro”, mas ficou conhecida como Freio não é bonito. Vale a pena ouvi-la na voz de Nara Leão. Volto em seguida.



Voltei

A letra está aqui:

Salve as belezas desse meu Brasil

Com seu passado e tradição

E salve o morro cheio de glória

Com as escolas que falam no samba

Da sua história.


Feio, não é bonito

O morro existe

Mas pede pra se acabar

Canta, mas canta triste

Porque tristeza

E só o que se tem pra contar

Chora, mas chora rindo

Porque é valente

E nunca se deixa quebrar

Ah, ama, o morro ama

Um amor aflito, um amor bonito

Que pede outra história

Salve as belezas desse meu Brasil

Com seu passado e tradição

E salve o morro cheio de glória

Com as escolas que falam no samba

Da sua história


Feio, não é bonito

O morro existe

Mas pede pra se acabar

Canta, mas canta triste

Porque tristeza

E só o que se tem pra contar

Chora, mas chora rindo

Porque é valente

E nunca se deixa quebrar

Ah, ama, o morro ama

Um amor aflito, um amor bonito

Que pede outra história


Pois é… Dá para perceber o sotaque de certa demagogia redentora na letra, é inescapável. Mas ainda é mais decente do que a atual abordagem que boa parte das esquerdas — em companhia dos deslumbrados “progressistas” — dispensa à pobreza, que foi transformada num novo saber, numa estética particular e até numa ética peculiar. O ponto alto dessa abominação na TV é o tal “Esquenta”, de Regina Casé, a expressão mais rastaquera da antropologia populista. É o asfalto endinheirado deitando seu olhar supostamente tolerante e compossível sobre a pobrada. É asqueroso!


Para a “nova” esquerda brasileira, o feio é bonito, sim! E tem de ser mostrado ao mundo, como acontece com os passeios turísticos de estrangeiros pelas favelas pacificadas e, agora, com a visita do príncipe à Cracolândia.


Com a devida vênia, uma ocorrência como essa é a expressão mais acabada da falta de vergonha na cara. E ponto!







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