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terça-feira, 3 de junho de 2014

O governo acabou e só resta a agonia


O Grito, de Munch.



O estilo característico do historiador Marco Antonio Villa é sua forma direta de dizer as coisas, sem rodeio, com objetividade. Foi exatamente o que fez em sua coluna do GLOBO hoje, em que disseca o desgoverno atual e solta o diagnóstico preciso: o governo acabou:


O governo Dilma definha a olhos vistos. Caminha para um fim melancólico. Os agentes econômicos têm plena consciência de que não podem esperar nada de novo. Cada declaração do ministro da Fazenda é recebida com desdém. As previsões são desmentidas semanas depois. Os planos não passam de ideias ao vento. O governo caiu no descrédito. Os ministérios estão paralisados. O que se mantém é a rotina administrativa. O governo se arrasta como um jogador de futebol, em fim de carreira, aos 40 minutos do segundo tempo, em uma tarde ensolarada.


Apesar do fracasso — e as pífias taxas de crescimento do PIB estão aí para que não haja nenhum desmentido —, Dilma é candidata à reeleição. São aquelas coisas que só acontecem no Brasil. Em qualquer lugar do mundo, após uma pálida gestão, o presidente abdicaria de concorrer. Não aqui. E, principalmente, tendo no governo a máquina petista que, hoje, só sobrevive como parasita do Estado.


A permanência no poder é a essência do projeto petista. Todo o resto é absolutamente secundário. O partido necessita da estrutura estatal para financeiramente se manter e o mesmo se aplica às suas lideranças — além dos milhares de assessores.


A sensação que temos, comprovada por novas evidências diárias, é a de que o governo enxerga apenas o amanhã. Nem mesmo alguns meses à frente a equipe econômica consegue mais vislumbrar. Agora é empurrar com a barriga por semanas, ganhar algum tempo até estourar um problema maior, tudo na esperança de que dê tempo de chegar às eleições sem grandes solavancos.


Basta ver a questão do câmbio. Parece que a equipe resolveu que o dólar precisa subir para aliviar a indústria em crise (agora foi a vez do setor de eletrodomésticos e eletrônicos dar férias coletivas), e no mesmo dia Mantega e Luciano Coutinho, do BNDES, fizeram declarações nesse sentido. Tombini, do Banco Central, também deu a entender que o foco pode ser mais a economia patinando do que a inflação. Resultado: o dólar disparou ontem, com a maior alta diária em meses, e chegou perto de R$ 2,30.


Mas o cobertor é curto. Isso tem impacto na inflação, os agentes do mercado antecipam a mudança de postura, e as taxas futuras de juros começam a abrir, sinalizando expectativa de alta dos preços que terá de ser combatida com mais aumentos nos juros depois. E isso, naturalmente, afeta ainda mais as expectativas e retrai investimentos necessários. Villa conclui:


Ainda não sabemos plenamente o significado para o país desta gestão. Mas quando comparamos os nossos índices de crescimento do PIB com os dos países emergentes ou nossos vizinhos da América Latina, o resultado é assustador. É possível estimar que no quadriênio Dilma a média sequer chegue a 2%. A média dos emergentes é de 5,2%, e da América Latina, de 3,2%. E o governo Dilma ainda tem mais sete meses pela frente. Meses de paralisia econômica. Haja agonia.


Temos um governo hiperativo, mas sem projeto algum além da manutenção do poder, sem visão de país, sem capacidade de enfrentar os desafios que ele mesmo criou, o que acarreta uma economia paralisada. Não há empresário que não sinta enorme desconfiança acerca do futuro, mesmo que diga o contrário publicamente por interesses particulares.


Ilan Goldfajn, em sua coluna no mesmo jornal, faz previsões que capturam tal apatia generalizada:


O que preocupa, no momento, é a perspectiva para o crescimento do PIB no segundo trimestre deste ano. O sinal é inequívoco. Um conjunto amplo de indicadores coincidentes para o segundo trimestre — incluindo, entre outros, indicadores para a produção industrial, a atividade do setor de serviços, a demanda por crédito e a confiança de empresários e consumidores — aponta para uma retração da atividade econômica: projetamos queda de 0,2%.


A consequência é uma perspectiva de crescimento fraco para o ano de 2014. Com o resultado mais fraco do PIB no primeiro trimestre, aliado à perspectiva de queda do PIB para o segundo trimestre, dentro do contexto dos atuais fundamentos econômicos, acreditamos que a economia dificilmente conseguirá crescer acima de 1% em 2014.


A economia está morta, já estamos em um cenário lamentável de estagflação. Não há crescimento, mas a inflação segue firme e forte, sob a leniência do governo. É um quadro desolador, que vai minando as esperanças do povo brasileiro em um futuro melhor. Principalmente se, apesar de tanta incompetência, o PT conseguir se manter no poder graças ao abuso da máquina estatal. Como disse Villa, haja agonia!


Rodrigo Constantino







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