Por Laryssa Borges, na VEJA.com
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados adiou nesta terça-feira a votação do parecer preliminar do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) no processo de cassação do vice-presidente da Casa e deputado licenciado André Vargas (PT-PR). O congressista pode perder o mandato por ter mentido sobre as relações obscuras com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato. As provas da relação do petista com o doleiro detido incluem uma carona em um jatinho para o deputado e sua família passarem férias em João Pessoa (PB) e interceptações da Polícia Federal que apontam tráfico de influência de Vargas em favor do laboratório Labogen, uma das empresas do esquema de Youssef.
Na sessão, o relator do caso, Júlio Delgado, defendeu que há indícios de que o congressista praticou tráfico de influência, por atuar em benefício dos interesses do doleiro, e de recebimento de vantagem indevida por ele ter utilizado a aeronave do empresário. “O representado é detentor de mandato de deputado federal; há reportagens que relacionam a ele os fatos narrados e, ao mesmo em tese, o fornecimento de informações privilegiadas e a intermediação de interesses de terceiro junto a ministério [da Saúde], aliada a recebimento de vantagens, pode constituir ato incompatível e atentatório ao decoro parlamentar. Deve, pois, ser dado seguimento ao processo, sendo remetida cópia da representação ao acusado e possibilitada sua defesa escrita”, diz o relatório preliminar.
Na sequência, para impedir a votação do texto, o deputado petista Zé Geraldo (PT-BA) pediu mais prazo para analisar o relatório preliminar, adiando a discussão do texto para o próximo dia 29. Ao site de VEJA, Geraldo confirmou que se reuniu na noite dessa segunda-feira com André Vargas e recebeu instruções para paralisar o processo. Apesar de a direção nacional do PT pressionar para que o deputado renuncie e evite desgastar ainda mais o partido, um pequeno grupo de aliados insiste em defender que Vargas permaneça à frente do mandato parlamentar. Durante a sessão, o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA) também pediu mais tempo para analisar o caso.
“A tática do pedido de vista é conhecida e protelatória. É para estender o processo e, como o pedido antecede o feriado, atrasa ainda mais o processo”, disse Delgado. Nos bastidores, integrantes do Conselho de Ética estimam que o caso chegará para votação em plenário às vésperas das eleições – o que ampliaria o desgaste entre os petistas, afinal, as acusações podem comprometer as campanhas de Alexandre Padilha (PT) ao governo de São Paulo e de Gleisi Hoffmann (PT) ao governo do Paraná. (…)
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