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Depois de o Parlamento da Crimeia votar pela integração à Rússia, marcar um referendo para validar a decisão e ameaçar nacionalizar indústrias estatais ucranianas, o presidente dos EUA, Barack Obama, condenou as movimentações, afirmando que o referendo “violaria a Constituição ucraniana e as leis internacionais”. “Qualquer discussão sobre o futuro da Ucrânia deve incluir o governo legítimo do país”. As declarações de Obama foram feitas depois de os EUA anunciarem um novo pacote de sanções contra a Rússia, que inclui a proibição de emissão de vistos não apenas a altos funcionários russos, mas também a ucranianos que tenham “colaborado com a violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia”.
Além do referendo, a Crimeia também anunciou a formação de novos ministérios de Energia, Informação, Interior e Pensões, separados do governo central em Kiev. O governo interino do país condenou as decisões, que considerou inconstitucionais. As decisões do Parlamento regional ressaltam os grandes desafios que serão enfrentados pelo governo interino pró-Ocidente que assumiu em Kiev, depois da destituição de Viktor Yanukovich. Um dos integrantes do Legislativo da península, Sergei Shuvainikov, afirmou que as medidas são uma resposta “à desordem e à ilegalidade em Kiev”. “Nós mesmos vamos decidir nosso futuro”, afirmou, segundo informa o Washington Post.
Países da União Europeia seguiram os EUA e também condenaram o referendo, considerando-o ilegal. Representantes do bloco, reunidos em Bruxelas, anunciaram a suspensão de negociações de um pacto econômico e de um acordo de liberação de vistos com a Rússia como forma de punir Moscou por sua presença militar na Crimeia. E ameaçaram com a imposição de novas medidas – congelamento de ativos e sanções financeiras e comerciais – caso a Rússia não recue e não abra caminho para a busca de uma solução diplomática para a crise.
Antes do encontro, alguns membros da UE, liderados pela Alemanha, haviam indicado preferir uma mediação com o Kremlin à imposição de medidas mais duras. A votação na Crimeia, no entanto, mudou o rumo das conversas. No entanto, chegar a um acordo sobre medidas punitivas mais severas não deverá ser fácil. Apesar de alguns estados, especialmente os mais próximos à Rússia, apoiarem uma movimentação neste sentido, muitos membros querem a todo custo evitar um conflito econômico prolongado, ressaltou a rede britânica BBC.
A Crimeia, república autônoma no sul da Ucrânia, tem a maioria de sua população formada por habitantes de origem russa. A região transformou-se no centro das tensões no país depois da queda de Viktor Yanukovich, o presidente pró-Moscou. Forças russas e milícias favoráveis a Putin ocupam o poder de fato na região.
Para o primeiro-ministro britânico, David Cameron, a situação continua “altamente precária”, e “qualquer erro de cálculo pode levar à perda de controle”. Ele fez um paralelo com a II Guerra Mundial ao dizer que “fechar os olhos quando nações são esmagadas e sua independência é desconsiderada leva a problemas muito maiores a longo prazo”.
A ex-premiê ucraniana Yulia Tymoshenko, rival de Yanukovich, fez um apelo nesta quinta para que a Ucrânia se integre mais à Europa. “Estamos construindo uma nação europeia – estamos fazendo isso e ninguém pode nos parar. Devemos isso aos que morreram e aos que estão vivos”, disse.
Interpol
A Interpol, a agência internacional de cooperação policial, informou nesta quinta-feira que recebeu um pedido do governo interino da Ucrânia para emitir o chamado “alerta vermelho” para a prisão de Yanukovich, que foi destituído do cargo há cerca de dez dias. “Foi recebido um pedido feito pelas autoridades ucranianas para um alerta vermelho da Interpol, ou alerta internacional para pessoas procuradas, para a prisão de Yanukovich sob as acusações de abuso de poder e assassinato”, disse a agência, com sede em Lyon, na França, em comunicado.
O presidente deposto é considerado foragido pelo governo interino da Ucrânia, que o responsabiliza pela matança de manifestantes durante a repressão aos protestos que estouraram no país em novembro. No momento, ele está refugiado na Rússia, que o acolheu e ainda o reconhece como o legítimo chefe de Estado da Ucrânia. Segundo a Interpol, o pedido ainda está sendo analisado pelo seu departamento jurídico.
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