Eis aí. Estamos experimentando um daqueles seriados de Netflix com muitas temporadas. Assistimos ao desfecho da primeira. E, a exemplo do que acontece na ficção, a vida real exibe uma razoável diferença entre a impressão geral que se tinha no começo da primeira etapa da trama e a que se tem ao fim dela.
Como notou Luiz Inácio Lula da Silva, que também está lascado, ninguém que confie no Ministério Público Federal pode apontar o dedo para o PT e dizer: “Lá vai o principal culpado”.
Querem algumas almas pias que estamos caminhando para um bom lugar — “mais transparente”, dizem, com aquele ar meio parvo dos crédulos que permitem que as quiromantes de trajes esquisitos leiam a sua sorte nas linhas das mãos. Ouso discordar.
A Grande Arte já se mostra praticamente inteira. Estão todos mortos. Não sobrou — e vamos ver quem o tempo se encarregará de ressuscitar, se é que vai — alma viva relevante na política. Se o objetivo do narrador era demonstrar que ninguém presta, que todo o sistema é corrompido, temos todos de aplaudi-lo, certo? O desiderato foi alcançado.
Todos os crimes e todos os criminosos, reais ou supostos, se igualam e se acotovelam. Julgam-se no Purgatório: têm a convicção de que são inocentes, mas padecem como se já tivessem sido condenados ao inferno.
Ocorre que há uma voz rouca e parva que anuncia: “Abandonai, ó vós que entrais, toda a esperança”.
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