Leitores me informam que o deputado Valmir Prascidelli (PR-SP) me acusou nesta quarta, na CPI da Petrobras, de ter recebido propina da Camargo Corrêa. Propina? Não sabia que eu era funcionário público. Depois ele trocou por “presentinho”. É mesmo? Será que eu poderia facilitar algum negócio feito pela empresa? Com que poder?
Este senhor tem a imunidade parlamentar, e eu sei disso. Mesmo assim, acabo de falar com meu advogado. Vou entrar com uma queixa-crime contra ele. Vamos ver o andamento. Acho que a coisa acabará no Supremo. Ele sabe que se trata de uma mentira.
Essa história começou em 2010. Escrevi, então, a respeito. O post está aqui. Entre os papeis apreendidos pela Operação Castelo de Areia, havia uma agenda — não uma tabela ou planilha — de um dos diretores com o meu nome, o da revista “Primeira Leitura“, que dirigi entre 2001 e 2006, e o valor: R$ 50 mil. Sim, fui falar, então, com a empresa e com outras tantas em busca de anúncio. A esta altura, nem me lembro se consegui ou não. Isso veio a público em 2010, mas a revista fechou as portas em abril de 2006. Logo, a anotação é, obviamente, anterior a essa data.
Prascidelli tenta me intimidar. No trecho de sua fala que cita meu nome, diz que sou um crítico duro do PT, o que é verdade. E, parece, ele não gosta disso. Afirma ter tido acesso a esses papeis em contato com a Polícia Federal. Embora a operação tenha sido extinta, não há nada de sigilo nisso. SABEM QUEM TROUXE A FOLHA DA AGENDA Á LUZ? EU!!!
O assunto é aborrecido, mas não dá para deixar assim. O papelório da Polícia Federal que começou a circular clandestinamente em 2010 era dividido em duas partes: A primeira, chamada “relatório de mídia”, listava as coisas apreendidas pela PF. E havia a segunda, que era o relatório final entregue à Justiça. Meu nome aparece na primeira, não na segunda. Ou por outra: a própria PF ignorou aquele elemento, e o deputado, se realmente viu os papéis, sabe disso.
Aliás, no relatório final da PF, meu blog era, sim, citado. Mas na forma de um link de um dos textos do clipping, que a PF usa como reforço para a sua apuração. Assim, o trabalho da polícia usou a minha página como referência informativa!
Nunca fui um investigado da Castelo de Areia.
Nunca fui um acusado!
Nunca fui um indicado!
Nunca tive nada a ver com a dita-cuja.
NUNCA HOUVE RIGOROSAMENTE NADA CONTRA MIM A NÃO SER A MALEDICÊNCIA DE QUEM, ESPERO, ARQUE COM O PESO LEGAL DE SUAS ESCOLHAS.
O deputado tenta emprestar ao troço a aparência de coisa secreta. SECRETA NÃO É. EU A TROUXE A PÚBLICO.
Qual é, afinal, a hipótese dessa gente? A de que a revista Primeira Leitura, com uma tiragem de 30 mil exemplares, poderia ter sido útil a propósitos supostamente inconfessáveis de uma gigante como a Camargo Correa? Tenham paciência!!! Eu jamais me dei tanta importância!
O doutor deixou claros seus motivos. Como não tenho simpatia pelo PT, ele resolve usar a tática da retaliação, ainda que, para tanto, recorra à calúnia. Já constituí advogado para cuidar do caso. Quero crer que um deputado, escudado pela imunidade parlamentar, não tenha o direito de sair caluniando por aí. Não foi para isso que o povo lhe deu um mandato.
Essa canalhice apareceu em 2010. Voltou à baila nas manifestações de protesto contra o governo neste ano (alguns petistas me acusaram de ser responsável por ela, imaginem o delírio…). Tratei do assunto na entrevista que concedi à revista Playboy no mês passado.
Sei lá qual é a aposta de Prascidelli. A de que vou ficar com medo? Não vai acontecer. Em sua fala, ele me associa àqueles que supostamente dizem que a corrupção foi inaugurada quando o PT chegou ao poder. Não! Eu nunca disse ou escrevi essa tolice. O que disse, escrevi e sustento é que os petistas são os únicos seres políticos que tentam provar que a corrupção existe para o nosso bem.
E finalmente
Eu não me deixo intimidar por isso, não. Todos sabem que sou um crítico da tese do cartel — crimes em penca foram cometidos, mas outros. Alguns imbecis já tentam associar essa minha opinião ao conteúdo da calúnia do deputado. Eu não permito que aqueles que não gostam de mim pautem o meu pensamento. Fatalmente, por razões óbvias, ele me induziriam a erro.
Taí, deputado! Poucas pessoas conheciam o seu ataque. Agora, milhares vão ficar sabendo. Eu faço questão que todos os meus leitores tenham ciência do seu ataque. Doutor Roberto Podval se encarregará dos aspectos legais. Ah, sim: antes que alguém “descubra”, Podval é advogado, entre muitos outros, de José Dirceu. Mas já tinha me defendido antes disso.
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