Páginas

Feed Testando Templete

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Não pertenço aos “Adodorias”, mas o prefeito falou a coisa certa!

Não integro, porque não acontece com ele nem com ninguém — o grupo dos “Adodorias”, que são os Adoradores de Doria. Não sou disso. Reconhecia qualidades muitas no comunicador e empresário e vejo outras tantas no político, mas o alarido dos entusiasmados e, eventualmente, áulicos pode trazer mais prejuízos do que benefícios. De resto, agora que o prefeito é poder, sou mais severo com ele do que antes. Volto a este ponto mais tarde. O lead deste texto é um elogio, não uma crítica. E por quê?

O prefeito falou nesta segunda a coisa certa na entrevista coletiva em que tratou dos primeiros 100 dias do governo e dos programas que estão em curso. E disse que seu plano de metas é “executar”. Indagado sobre a razão de o tal plano ser “pouco detalhado”, segundo crítica corrente em setores da imprensa, afirmou: “Veja a última prefeitura, não quero aqui estigmatizar, fez um plano de metas e cumpriu um terço”.

Na verdade, como lembra a Folha, Fernando Haddad cumpriu a metade quando se considera também o que avançou em determinados programas que, no entanto, não chegaram à conclusão. Quem começou a fazer a conta vesga, considerado que meta cumprida é só a entrega da obra ou do programa, foi a ONG majoritariamente petista Nossa São Paulo, que infernizou as administrações de José Serra e Gilberto Kassab. Depois a ONG pôde fazer muito pouco pelo “seu” prefeito…

E acabou prosperando o mais burro dos critérios: “Fulano prometeu ‘X’ quilômetros de corredor”; fez meio “x”. Carimbo: “Meta não cumprida”. Disse que faria o “Hospital Y”: conseguiu terreno, licitou, deu início à obra e deixou, sei lá, 60% já construídos para o sucessor. Carimbo: “Meta não cumprida”. Disse também que plantaria 500 mil árvores. Plantou um milhão. Carimbo: “meta cumprida”. Bem, acho desnecessário demonstrar que se trata de um critério estúpido.

Assim, faz muito bem o prefeito em manter como norte os compromissos mais gerais assumidos com a Prefeitura de São Paulo, deixando de lado essa tolice de esmiuçar cada quilômetro de corredor para ser enredado, depois, pelos números. Sim, o cumprimento de metas de Haddad foi pífio: metade do anunciado. Mas não foi um terço.

Agora os adoradores
É incrível! Alguns tontinhos, mal saídos dos cueiros do que seja “luta contra o PT” ou “defesa do liberalismo”, resolveram me patrulhar nas redes porque eu teria feito, no meu blog, uma leitura negativa dos números do Datafolha sobre a gestão Doria. Não! Eu fiz uma leitura positiva, porém realista. Observei o óbvio: nos 100 dias, é o prefeito mais bem-avaliado desde a volta das Diretas nas Capitais. Tanto é assim que 55% dos paulistanos querem que continue na Prefeitura.

E esse querer pode ter um potencial de cobrança que vira o reverso da fortuna. Notem: só 20% acham sua gestão ruim/péssima, mas 42% não votariam nele para presidente e 35% não o fariam para governador. Não duvidem: essa fatia que vai além dos 20% tende a ter mais gente que aprova a sua gestão do que os “neutros”.

Observei também o óbvio: há já sinais de impaciência — e não com a desídia do prefeito, que não existe. É que “a vida é real e de viés”, como cantou certo Caetano Veloso. E acreditem: é mais “de viés” quanto mais pobres são as pessoas. Daí que 47% digam que a cidade, por enquanto, está na mesma. Mas esse índice chega a 61% entre os mais pobres e menos escolarizados.

Um pouco de história
Os ataques partem de alguns tontos que acham que comecei a travar ontem certas batalhas. Não! Já faz tempo. E, ora vejam, algumas invectivas são escancaradamente terceirizadas. Dá para saber qual é a mão que balança o berço.

Ainda me lembro da tentativa das esquerdas de esmagar Doria, e a outros, em 2007 por causa do “Movimento Cívico Pelos Direitos dos Brasileiros”, também conhecido por “Cansei”. Eram muitos já os desmandos do PT no país e as escolhas erradas, mas não havia voz dissonante. Ou havia. Na grande imprensa, a minha.

Doria sabe que, sem conhecê-lo, então, emprestei solidariedade a ele e a seus pares de movimento. Nem entrei no mérito das propostas. O que achei insuportável foi o tratamento dispensado pela imprensa e por alguns artistas “engajados” e renomados contra o “Cansei”, tratado como mera frescura da elite paulistana, que estaria cansada, segundo a versão petista triunfante, de ter de dividir aeroporto e avião com os pobres.

Era uma tentativa de calar a boca dos críticos. Sempre que noto esforços dessa natureza, não importa se o alarido fascista é promovido pela esquerda ou pela direita, eu me oponho. Doria conhece a truculência da intolerância. E o principal cuidado que tem de ter é com os intolerantes a favor, incapazes de reconhecer que a crítica é parte do jogo democrático e que nem todo mundo que aponta um problema na Prefeitura tem de “ir para Curitiba”.

O ataque a Doria, de resto, em 2007, era injusto porque, como empresário, ele nunca foi hostil ao PT. Ao contrário: eu participei de um evento do Lide, já no segundo governo Dilma, que contava com o apoio da Apex (Agência de Promoção de Exportações do Brasil), ligada ao Ministério da Indústria e Comércio. O então presidente, David Barioni, havia sido indicado pela presidente Dilma.

Reverência e prudência
Não estou me defendendo de nada, não. Não preciso disso. Felizmente, cheguei a uma altura da vida em que posso falar o que bem entender — respeitados os limites da lei, da ética, do decoro, da moral etc. Acertando, o prefeito ou qualquer outro terão o meio elogio. Errando, a minha crítica. “Segundo quais critérios?” Ora, os meus, que não costumam desbordar — até onde sei, nunca desbordam — da economia de mercado, do liberalismo e da democracia.

Ora, ora… Enfrento o PT desde o tempo em que a sua fortaleza era a Santo André de Celso Daniel, bem antes de Lula chegar ao poder. Comigo, o fascismo de meia-tigela de direita e o de esquerda não se criam.

Ademais, dou à gritaria virtual a importância que tem: quase nenhuma. A política se faz é na vida real e de viés.


Arquivado em:Brasil, Política


from Reinaldo Azevedo – VEJA.com http://ift.tt/2p04kkI
via IFTTT

Nenhum comentário:

Postar um comentário