As pessoas me param nas ruas, em bares, em restaurantes: “Será que desta vez pegam o homem?”. O “homem”, tratado como entidade mística, o que não quer dizer “benigna”, todos sabem, é Lula. Assim, é verossimilhante aquela conversa petista de que, desde sempre, o alvo da operação seria o chefão do PT, e a Lava Jato não descansaria enquanto não realizasse o seu intento. Verossímil, mas falso. Embora o falso, nesse caso, possa esconder o verdadeiro.
A Lava Jato não foi deflagrada para “pegar Lula”. Ainda está longe disso. No mês que vem, a operação completa dois anos. Os resultados são mais modestos do que parecem se você não é do tipo que saliva ao pensar num empreiteiro preso. A urdidura criminosa que se foi revelando só faz sentido se pensada à luz da consecução de um projeto de poder. Não estamos diante de um assalto ao Estado que repita um padrão ou que reforce as posições de mando dos poderosos de sempre.
Ninguém é ladrão por força da gravidade ou de escolhas que outros fizeram em seu nome. Rico ou pobre, pé de chinelo ou do colarinho-branco, é preciso que haja a disposição subjetiva para tanto, o exercício de um talento. As circunstâncias da Fortuna vão indicar se o sujeito será um Marcola ou o comandante de um aparelho que fará a máquina pública girar primeiro para alimentar os anseios desse ente e, secundariamente, para atender às demandas da sociedade. Ou por outra: é possível aplicar Maquiavel para entender tanto os Príncipes como os sapos.
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