O prefeito Fernando Haddad reclamou das críticas de algumas emissoras de rádio à sua gestão. Fiquei com a impressão, certa!, de que ele reclamava da Jovem Pan — ou melhor ainda: do programa “Os Pingos nos Is”, de que sou âncora. Uma horinha só, e o alcaide se zanga.
Entendo. Ele gosta de outro tipo de jornalismo.
Dia desses, a revista Piauí fiz uma reportagem sobre a rádio, de que eu era uma das personagens. Uma das entrevistadas era a jornalista Mariza Tavares, diretora de jornalismo da CBN. Deixou claro, ora vejam!, que não se referia à Pan (ela é muito correta, sabem?, para citar o nome do concorrente que lhe dá uma surra de audiência), mas censurava, em entrelinhas covardes, o trabalho alheio, dizendo que fazer jornalismo com a qualidade da emissora que ela dirige é muito difícil.
Ora, claro, claro! E que se note: há, sim, por lá profissionais de primeira linha, gente que admiro.
Um leitor me manda uma transcrição de um programa que, parece-me, chama “Discuta São Paulo”. Depois de uma longa puxação de saco em homenagem a Fernando Haddad, prefeito da capital, com a exposição de números incrivelmente distorcidos sobre o preço das ciclovias mundo afora (confundidas com ciclofaixas), a âncora diz esta preciosidade. Leiam com calma:
“A gente inclusive abriu o Discuta São Paulo falando sobre a questão das Marginais e a possível mudança da Prefeitura nesse pensamento de reduzir a velocidade nas Marginais, e a gente colocou uma reportagem falando sobre a atuação da OAB, que é contra essa redução das velocidades, eles estão acionando a Justiça, inclusive, contra a Prefeitura.
E acho que tem um detalhe importante que a gente até poderia comentar em relação a isso. Quem vem concedendo entrevistas coletivas a respeito dessa redução e sobre o posicionamento mesmo da Ordem dos Advogados do Brasil é o presidente da Seccional Paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, o Marcos Costa, que inclusive sofreu um acidente recentemente.
Ele sofreu um acidente em abril, agora de 2015, um acidente gravíssimo na Rodovia Castelo Branco. Ele estava dirigindo, inclusive, com o diretor tesoureiro da Seccional da OAB, Carlos Roberto Fornes, que morreu no sábado, no dia 18 de abril nesse acidente de carro, na região de Tatuí, no interior de São Paulo. O presidente da entidade, Marcos Costa, também estava no veículo e ficou gravemente ferido e inclusive teve que amputar uma perna.
Mesmo sofrendo esse grave acidente, a gente não sabe exatamente qual foi o motivo do acidente, o que aconteceu nesse acidente, mas, mesmo assim, ele é contra a redução da velocidade para a redução de acidentes lá nas marginais. A proposta de entrar na Justiça contra a Prefeitura é dele mesmo, foi levada em uma reunião no último dia 21, e ele teve que amputar uma perna diante deste acidente. E, mesmo assim, o seu pensamento de redução de velocidade nas Marginais é diferente da Prefeitura nesse aspecto de redução de acidente e redução de velocidade.”
Uma promessa a leitores, a ouvintes e a Mariza
Eu prometo aos leitores, aos ouvintes de “Os Pingos nos Is” e a Mariza Tavares que jamais farei esse tipo de jornalismo. Para mim, fazer isso, como diria Mariza, “é muito difícil”.
Observem que a âncora nem sabe o motivo do acidente. Mas, para ela, quem sofreu tão graves consequências deveria, claro!, ser favorável às teses de Fenando Haddad. A moça acha que o destino nos dá lições matando e cortando pernas.
A síntese moral de sua parábola é a seguinte: se você for contra a redução da velocidade nas Marginais, pode perder a perna ou morrer.
Ou seja: os Deuses do PT castigam a sua arrogância.
Não! Definitivamente, eu não farei isso.
Para mim, é muito difícil!
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