A coisa está feia, não é mesmo, leitor? Cada ida ao supermercado é aquele susto: caramba! E pensar que R$ 100 já foram grana, compravam um bocado de comida. A inflação come todo nosso salário, sendo que já labutamos até maio só para pagar impostos. Pode acrescentar mais um mês só para pagar o “imposto inflacionário” de 10%.
Depois tem aquele risco de desemprego. Afinal, o vizinho perdeu o dele. A crise é séria, e veio para ficar. Não dá para brincar em serviço. As empresas precisam sobreviver num ambiente hostil, com queda de atividade superior a 2% e sem boas perspectivas à frente. Quem vai contratar e investir em treinamento assim? Os jovens sofrem mais, sem dúvida.
E isso não é tudo. O trabalhador ainda precisa encarar aquelas horas perdidas no transporte público ou no trânsito caótico, e viver com medo da violência, de levar uma bala “perdida”, de ser assaltado por alguma “vítima da sociedade” que estupra e mata por falta de escola, mesmo quando teve escola. Não está fácil para ninguém, é o que todos dizem hoje em dia.
Mas não é verdade. Para alguns a situação não vai nada mal no Brasil petista. O governo bolivariano pode ter transformado sua vida num verdadeiro inferno, caro leitor, mas pergunte aos banqueiros se eles estão tão incomodados assim. A esquerda, afinal, não era uma grande ameaça; era uma grande oportunidade! Veja a notícia:
O Banco do Brasil (BB) anunciou nesta quinta-feira que fechou o primeiro semestre do ano com lucro líquido de R$ 8,8 bilhões — uma cifra 9,1% maior que a registrada no mesmo período de 2014. Com o resultado, o ganho semestral conjunto de quatro gigantes do varejo do país (Itaú, Bradesco e Santander, além do próprio BB) somou R$ 33,8 bilhões, um incremento de 46,5% sobre o registrado nos primeiros seis meses de 2014, de acordo com dados compilados pela Austin Rating.
Para driblar a crise, o BB seguiu a receita dos concorrentes: elevou a margem financeira (spread, diferença entre o custo de captação dos recursos e quanto o banco cobra para emprestar) na ponta dos financiamentos. O banco elevou a projeção para a margem financeira este ano, da faixa de 9% a 13% para a de 11% a 15%. E também aumentou os ganhos com serviços (tarifas), como forma de compensar a desaceleração da demanda por crédito. De janeiro a junho, as receitas com serviços do maior banco do país totalizaram R$ 12,7 bilhões, 7,2% mais que um ano antes.
Por favor, não vá confundir esse texto com aqueles escritos pela esquerda revolucionária, que condena todos os banqueiros, o capitalismo, o lucro etc. Nada disso! Sou o primeiro a defender os bancos, sua função social, seu lucro legítimo… num ambiente de livre mercado. E eis o grande porém aqui: não temos nada parecido. Temos, ao contrário, um “capitalismo de compadres”, um sistema intervencionista que dificulta a vida do trabalhador e do pequeno empresário, enquanto cria condições favoráveis para o avanço de empreiteiras corruptas e banqueiros que elogiam a esquerda.
Gastos públicos altos, dívida do governo chegando a 70% do PIB, tudo isso pode ser um fardo para o cidadão comum, mas pressiona a taxa de juros para cima. O que mata a indústria é ganho para bancos. O único problema é que o desenvolvimentismo, de tão incompetente que é, vai acabar matando a galinha dos ovos de ouro. Quando isso acontecer, nem os bancos vão comemorar, pois a inadimplência terá explodido e os calotes vão machucar o bottom line dos balanços.
Mas até lá, ficamos com o seguinte cenário: um governo de esquerda, que flerta com o bolivarianismo, ferrou com a vida dos brasileiros, mas nem todos. Os banqueiros estão nadando em dinheiro, inclusive o maior deles, o próprio governo!
Rodrigo Constantino
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