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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Empreiteiras saem de Angra 3 – Ou: O “cartel” e a forma como opera uma estatal

Ai, ai… Vamos lá. A Odebrecht, a Queiroz Galvão e a Camargo Corrêa anunciaram que estão fora do Angramon, o consórcio que toca a usina nuclear de Angra 3. Motivo: falta de pagamento. Pertencem ainda ao Angramon a Andrade Gutierrez, a UTC Engenharia, EBE e Techint, todas elas, as que saem e as que ficam, investigadas na Operação Lava Jato. Também a estatal Eletronuclear está na mira.

Bem, já se viu muita coisa acontecer, mas costuma ser raro que uma empreiteira trabalhe sem receber, não é mesmo? Dada a forma como se desenvolve a apuração, não há como manter projetos dessa natureza. Essa e outras obras tendem a parar. “Ah, então, vamos acabar com a Lava-Jato…” Quem disse? Não precisa. Talvez seja o caso de buscar uma saída que preserve o interesse do país e, ao mesmo tempo, não condescenda com lambanças. No ritmo em que as coisas vão, a paralisia é certa.

Esse caso, aliás, é emblemático do que está em curso e também de alguns equívocos influentes. Dois consórcios chegaram ao fim do certame: o Una 3 — formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC — e o Angra 3, composto por Queiroz Galvão, EBE e Techint.

Por enquanto, nem vou entrar no mérito se houve ilegalidade ou não. Comecemos pela informação objetiva: os dois consórcios de juntaram num só, o Angramon — e notem que as três empreiteiras que anunciaram a desistência não estavam no mesmo grupo original.

Segundo um delator da Camargo Correa, as empresas combinaram que o Una 3 apresentaria um preço menor, mas depois abriria mão de um dos dois lotes de obras em favor do grupo adversário. Por isso, todas elas estão também sendo investigadas no Cade por suposta formação de cartel.

Então tá bom! Digamos que assim tenha sido mesmo; digamos que elas tenham se articulado para combinar e fraudar preços e para distribuir a obra entre os integrantes dos dois grupos. Se assim foi, cabe a pergunta: por que a Eletronuclar aceitou o jogo? Foi vítima de um tal “cartel” ou parceira e promotora, então, de uma partida que poderia ser de cartas marcadas?

Será que os dois grupos meteram o pé na porta da Eletronuclear e disseram: “Viemos aqui pagar propina. Ou vocês aceitam ou nós os denunciaremos como honestos”? Não parece que tenha acontecido assim, não é?

O fato ocorrido em Angra 3 evidencia a forma como opera o pantagruélico estado brasileiro. Algo assim não aconteceria na inciativa privada. É simples. 



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