Nada como um dia depois do outro, com quatro gestões petistas no meio. Fosse este governo do PSDB, do PMDB ou de qualquer outro partido dito “conservador”, a tropa de choque da companheirada estaria vociferando contra o “neoliberalismo” e aquela tal “Dona Zelite”. Como os “companheiros” estão no comando, a coisa muda um pouco de figura.
Os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Carlos Gabas (Previdência) participaram nesta quinta de uma audiência pública no Congresso para tratar das MPs 664 e 665, que concentram parte do ajuste fiscal. O petista Barbosa foi de uma clareza solar: ou se fazem os cortes em benefícios ditos sociais — acesso ao seguro desemprego, ao abono salarial e à Previdência —, ou eles se tornam inviáveis. Mas dá para negociar as medidas do governo?, quiserem saber os parlamentares. O ministro considerou: “Estamos dispostos a negociar alguns pontos, mas queremos manter a estrutura geral das medidas. A proposta que fizemos está no grau correto e a margem [de negociação] é muito pequena”.
Segundo Barbosa, a redução dos gastos que ele considera indevidos com esse benefício será da ordem de R$ 18 bilhões, e isso é essencial para manter os programas. Ok. Eu tendo a concordar com ele, sabiam? Já deixei claro que acho esses ajustes necessários. Como ignorar, no entanto, que essas medidas que o petismo precisa implementar, argumentado em nome do bem dos brasileiros, seriam consideradas a quintessência do reacionarismo se aplicadas por seus adversários?
O ministro lembrou dados que já esgrimi aqui. Os gastos com seguro-desemprego crescem 17% ao ano, embora, entre 2003 e 2013, tenha havido um aumento da formalização do trabalho da ordem de 15,5 milhões e um acréscimo de 30 milhões de segurados na Previdência. E conseguiu ser ainda mais taxativo: “Não queremos cancelar o seguro-desemprego”. Leia-se de outro modo: sem as mudanças, ele se torna inviável.
O petismo precisa corrigir agora a farra que estimulou ao longo dos anos. As comissões mistas criadas para avaliar as MPs são comandadas por petistas. Aguardo o momento do discurso inflamado dos companheiros em defesa de ações que, até outro dia, seriam acusadas de “neoliberais” e “reacionárias”.
No seu declínio, o PT resolveu marcar um breve encontro com a matemática.
from Reinaldo Azevedo - Blog - VEJA.com http://ift.tt/1IOqxon
via IFTTT
Nenhum comentário:
Postar um comentário